Com laboratórios de ponta e bombeiros capacitados, DF é referência na investigação de incêndios
O trabalho do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) não termina quando a vítima está em segurança ou quando o último foco de incêndio é debelado. Pelo contrário, é neste momento que começa uma nova etapa da atuação dos militares voltada para a investigação detalhada das causas e consequências do incidente. Essa competência, na capital do país, é da Diretoria de Investigação de Incêndios (Dinvi), em funcionamento há 50 anos.
Criada em 1973, após uma parceria de troca de conhecimentos com bombeiros do Japão, a Dinvi foi uma das pioneiras na investigação de incêndios em todo país. Desde então, a unidade tem se consolidado como referência nacional e até mesmo internacional nas apurações de sinistros residenciais, florestais, comerciais, navais e em depósitos.
Entre 2019 e 2024, a diretoria foi responsável por mais de 5,35 mil perícias. Nas apurações, o foco de atuação do CBMDF não está em apontar culpado, mas sim levantar tecnicamente as causas dos incêndios – intencionais, acidentais naturais ou indeterminados.
Cada perícia realizada, cada dado coletado, contribui para melhorar práticas operacionais e prevenir futuros sinistros, sendo fundamentais também para o aprimoramento de produtos, técnicas operacionais, sistemas de segurança e normas preventivas.
“É o que chamamos de retroalimentação, quando as informações que coletamos nas perícias de incêndios anteriores são usadas para aprimorar nossas técnicas de prevenção, combate e investigação de novos incidentes. A cada incêndio, aprendemos algo novo, e esse conhecimento volta para o sistema, alimentando nossos protocolos, treinamentos e normas de segurança. Isso nos permite estar sempre evoluindo”, destaca o tenente Hoffman Monteiro, da Dinvi.
Capacitação e parceria
A expertise adquirida pelos militares ao longo dessas cinco décadas de atuação contribuíram para a capacitação de bombeiros de outras unidades da Federação, além da Polícia Federal, cujos agentes já receberam instruções do CBMDF em cursos de especialização em criminalística aplicada a locais de crime, ocorridos em 2021 e 2023.
O reconhecimento se estende ao cenário internacional, com a exportação das doutrinas e métodos de investigação de incêndios para outros países, como El Salvador, onde a diretoria ministrou cursos em 2011 e 2023. Para 2025, a previsão é realizar um intercâmbio com os bombeiros de Honduras.
Já são mais de 325 militares de outras unidades da federação capacitados pelos bombeiros do Distrito Federal, sendo 306 no Curso de Perícia de Incêndio (CPI) e 21 no Curso Técnico de Investigação de Incêndio (CTINV), com destaque para os estados do Maranhão e da Paraíba, cada um com 25 militares formados.
Tecnologia de ponta
Hoffman explica que o padrão alcançado pela corporação na investigação de sinistros decorre do constante investimento do CBMDF no aprimoramento dos militares e em equipamentos de ponta para os laboratórios da divisão.
“Nossos laboratórios estão entre os melhores do país e talvez sejamos uma das únicas corporações que consegue fazer experimentos exclusivamente dentro das dependências da divisão. Também estamos entre os únicos a conseguir fazer monitoramento de incêndios em tempo real com uso de termopares, fluxo de calor e câmeras térmicas”, detalha.
Hoje, o Corpo de Bombeiros opera com dois dos laboratórios mais modernos do Brasil, voltados à análise e pesquisa de incêndios químicos e termoelétricos. São 14 militares atuando diariamente nas seções de Investigação (Seinv), de Apoio Administrativo (Seaad) e de Projetos, Programas e Desenvolvimento (SEPPD).
Deste esforço conjunto, surgem resultados como a publicação de estudos experimentais que contribuem para o aprimoramento da atuação dos militares. O último deles foi publicado na revista Flammae – paper científico dedicado à investigação e ao estudo de incêndios – e abordou uma análise experimental do padrão de queima em automóveis à combustão. O objetivo da pesquisa foi reproduzir padrões de incêndio e avaliar parâmetros para a coleta de dados.
*Com informações da Agência Brasília