Cosmonautas russos desligam módulo de estação espacial por mau cheiro
Cosmonautas russos na Estação Espacial Internacional (ISS) foram forçados a bloquear brevemente um segmento do laboratório orbital no último fim de semana após encontrarem um “odor incomum” emanando de uma nave espacial de carga visitante chamada Progress 90, informou a Nasa no domingo (24).
O odor — junto com as gotículas que os cosmonautas disseram ter observado — provavelmente resultou da “liberação de gases de materiais dentro da espaçonave Progress”, disse a Nasa em uma declaração à CNN na tarde da segunda-feira (25).
“Não há preocupações para a tripulação”, de acordo com Kelly O. Humphries, chefe de notícias do Centro Espacial Johnson da Nasa em Houston.
A cápsula Progress não tripulada — que pode transportar experimentos científicos, propelente, comida e outros suprimentos para a ISS — funciona com um combustível chamado dimetil-hidrazina assimétrica e um oxidante chamado tetróxido de nitrogênio.
Ambos são altamente tóxicos para os seres humanos. Mas Humphries confirmou que os propelentes não parecem ser a causa do problema.
Desgaseificação é um fenômeno que pode ocorrer quando objetos feitos pelos humanos deixam a bolha protetora da atmosfera da Terra e entram no ambiente repleto de radiação do espaço, onde as temperaturas também podem variar de 121ºC a -158ºC.
Os materiais potencialmente liberadores de gases aos quais a Nasa se referiu como estando dentro da cápsula Progress não envolviam combustível, disse Humphries por e-mail.
“Para qualquer informação detalhada sobre o que causou o odor incomum, entre em contato com (a agência espacial russa) Roscosmos”, disse Humphries.
A Roscosmos não respondeu a um pedido de comentário enviado por e-mail.
A Nasa disse em sua declaração de domingo — depois que os cosmonautas russos notaram o odor — que eles fecharam a escotilha que conecta o módulo Poisk de 1,82 metro de comprimento e 2,5 metros de largura ao resto da estação espacial.
Em seguida, os controladores de voo em solo “ativaram o equipamento de purificação de ar como parte dos procedimentos normais, indicando que o odor provavelmente estava sendo exalado de materiais dentro da espaçonave Progress”, de acordo com a declaração da Nasa à CNN.
“A tripulação relatou que o odor se dissipou rapidamente, e as operações de transferência de carga estão ocorrendo conforme o planejado”, observou o comunicado, indicando que os cosmonautas conseguiram acessar os suprimentos armazenados a bordo do veículo Progress, apesar do cheiro relatado anteriormente.
Em uma declaração separada publicada nas redes sociais no domingo, a Nasa também observou que “purificadores de ar e sensores de contaminantes” confirmaram que “a qualidade do ar dentro da estação espacial (estava) em níveis normais”.
O veículo Progress — um de uma longa série de naves de reabastecimento que visitaram as porções russas e controladas pela Nasa da estação espacial — chegou à ISS após o lançamento do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, em 21 de novembro. Ele transportava “quase três toneladas de comida, combustível e suprimentos”, de acordo com a Nasa.
Embora o odor inesperado e o desligamento temporário da escotilha Poisk pareçam ter sido um incidente breve e isolado, eles se somam a uma saga de anos relacionada a um módulo separado controlado pela Rússia na ISS, chamado Zvezda .
Esse segmento foi fechado principalmente por causa de um vazamento lento de ar. Os cosmonautas só entram no módulo para descarregar carga de espaçonaves visitantes, de acordo com a Nasa.
A estação espacial recebeu equipes rotativas de cosmonautas e astronautas — vindos de mais de 20 países — desde o ano 2000 em seções russas e americanas separadas, mas conectadas.
A Nasa espera continuar operando a Estação Espacial Internaiconal (ISS) com suas cinco agências parceiras até pelo menos 2030.
Além da Roscosmos, esses parceiros incluem a Agência Espacial Canadense, a Agência Espacial Europeia e a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial.
No entanto, autoridades russas não se comprometeram com a estação espacial além de 2028 e, provavelmente, não darão respostas firmes sobre o envolvimento da Roscosmos após esse período até pelo menos 2025, de acordo com um relatório recente do Gabinete do Inspetor Geral da Nasa.
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