Solitude faz bem para saúde? Veja o que diz novo estudo
Tirar momentos para ficar sozinho, fazendo uma caminhada ou indo ao cinema em sua própria companhia, são bons exemplos de solitude. Diferentemente da solidão, essa é uma experiência caracterizada pelo desejo consciente de estar só e pode trazer diversos benefícios para saúde — mas quando não é feita de forma intensa, de acordo com um novo estudo publicado no início deste mês na revista Plos One.
O trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Oregon (OSU, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, traz uma análise do papel da solitude na construção de conexões sociais. Diversos estudos já constataram os benefícios dos laços sociais fortes para a longevidade, melhor saúde mental e menor risco de doenças graves.
Para entender a influência da solitude na saúde, os pesquisadores entrevistaram quase 900 adultos nos Estados Unidos. Eles descobriram que atividades que proporcionam formas menos completas de solitude, como jogar um jogo no celular ou ir ao cinema sozinho, oferecem mais vantagens em relação a um passeio no deserto ou a escrever em uma cabana isolada, por exemplo.
“Aprendemos que uma solidão menos completa tem mais probabilidade de restaurar a energia e manter um sentimento de conexão com os outros”, diz Morgan Quinn Ross, professor assistente de comunicação na Faculdade de Artes Liberais da OSU, em comunicado à imprensa. “Em um mundo onde a interação social está quase sempre a apenas um clique de distância, precisamos entender como equilibrar a interação social com diferentes tipos de solidão.”
Os pesquisadores examinaram as condições sob as quais a solitude de uma pessoa pode ser “ofuscada” por pessoas ou por tecnologias. De acordo com os autores, a acessibilidade a outras pessoas e o envolvimento com a mídia podem ofuscar a experiência, fazendo com que o tempo sozinho seja mais social por natureza.
Eles construíram uma matriz de solitude que vai do nível base (nenhuma interação com as pessoas) ao nível total (que se refere a ser inacessível a outros e não se envolver com a mídia). Isso permitiu que eles observassem que vivenciar a solitude de forma mais completa maximiza a restauração de energia, enquanto vivenciá-la de forma menos completa maximiza o relacionamento com as outras pessoas.
“Nosso estudo sugere que a solitude não é, de fato, o outro lado da interação social”, comenta Ross. “Enquanto uma interação social mais intensa produz conexão, mas esgota a energia, a solidão mais intensa esgota tanto a energia quanto a conexão. A solidão não parece funcionar simplesmente como uma forma de recuperar a energia usada na interação social.”
Os cientistas também descobriram que a solitude era menos prejudicial ao bem-estar de indivíduos que achavam que isso os ajudava a restaurar a energia e a manter a conexão, independentemente de quanta energia suas interações sociais lhes custavam.
Do ponto de vista dos pesquisadores, as descobertas do estudo valem tanto para os extrovertidos quanto para os introvertidos. Eles sugerem que as pessoas tentem buscar a solitude somente quanto motivadas de forma construtiva.
“Se você tem uma atitude positiva em relação à solitude – porque você a usa para restaurar energia e sabe que será capaz de se conectar com as pessoas mais tarde – então escolhê-la provavelmente fará você se sentir melhor”, conta. “Mas se você escolher a solidão devido a uma atitude negativa em relação à interação social – porque você não quer falar com as pessoas – isso provavelmente fará você se sentir pior.”
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