Política

Brasil aparece pela 1ª vez no topo de ranking de deportados da França

Segundo dados do Ministério do Interior da França desta terça-feira (4/2), o número de brasileiros expulsos da França subiu 82,5% em 2024 e o país se torna assim o nono na lista de estrangeiros indocumentados repatriados, depois da Argélia, Geórgia, Marrocos, Albânia, Tunísia, Romênia, Turquia, figurando logo após o Afeganistão. O documento tem como objetivo fornecer ao público e aos tomadores de decisão um conjunto de indicadores para analisar a situação migratória na França, e sua evolução.

Mais autorizações de residência e deportações, menos pedidos de asilo: a avaliação de 2024 sobre a imigração na França foi publicada nesta terça-feira (4/2) pelo Ministério do Interior, cujo novo titular da pasta, Bruno Retailleau (foto em destaque), decidiu aumentar a pressão sobre a questão no país.

Considerando os menores de idade e os estrangeiros presentes na França, 6.908 auxílios para retorno voluntário foram concedidos pelo OFII, o departamento responsável em 2024, um aumento de 2,6% em relação a 2023, ritmo desacelerado após o forte crescimento registrado em 2023 (+35,5%).

Os brasileiros agora figuram entre as principais nacionalidades expulsas (+82,5%). O número de marroquinos deportados registrou um aumento muito significativo (+50,2%). A única nacionalidade que apresentou uma redução notável no número de expulsões este ano foi a afegã (-22,5%), segundo o documento francês.

Assunto “sensível”

A imigração continua sendo um tema sensível na França: no final de janeiro, o primeiro-ministro François Bayrou provocou a indignação da esquerda e de parte de seu próprio campo ao afirmar que o país “se aproximava” de um “sentimento de submersão em matéria de imigração”.

A França concedeu 336.700 primeiros títulos de residência no ano passado, um aumento de 1,8% em relação a 2023, enquanto as expulsões cresceram 26,7%, totalizando 21.601 deportações, anunciou o Ministério do Interior.

O aumento dos títulos de residência ocorreu em um “ritmo menos acelerado” do que no ano anterior (+4%), segundo o ministério. Os títulos para estudantes representaram um terço do total (109.300), enquanto os motivos familiares corresponderam a um quarto (90.600).

Houve um forte aumento (+13,5%) nos títulos concedidos por motivos humanitários, em torno de 55.000, enquanto os motivos econômicos se mantiveram estáveis, com cerca de 55.600 concessões. Do ponto de vista geográfico, os três países do Magrebe (no norte do continente africano) lideram as primeiras concessões, com um quarto dos títulos emitidos.

Renovação de visto

As renovações de títulos de residência atingiram o nível mais alto desde 2020, com 880.000 documentos renovados. “Esse aumento se deve principalmente aos motivos econômicos (+10,5%) e aos títulos para estudantes (+5,7%)”, afirmou Guillaume Mordant, chefe do departamento estatístico da Direção Geral de Estrangeiros na França (DGEF).

O ministério também destacou o dinamismo dos pedidos de renovação feitos por cidadãos argelinos (+24%). No total, havia 4,3 milhões de títulos de residência válidos em 31 de dezembro de 2024, um aumento de 3,9%.

Além disso, 31.250 pessoas em situação irregular foram regularizadas no ano passado, uma queda de 10%. É a primeira vez desde 2020 que essa tendência diminui para o que é chamado de “admissão excepcional de residência”, regulamentada por uma circular recentemente endurecida por Retailleau. “A regularização não é um direito” para pessoas em situação irregular, declarou o ministro francês na ocasião.

Em relação aos pedidos de asilo, o ministério registrou uma queda de 5,5%, com 157.947 solicitações. Essa diminuição se deve, em parte, à queda de 45% nos chamados “pedidos de Dublin”, ou seja, aqueles feitos em outro país por onde o solicitante passou inicialmente, explicou Mordant.

“O número de pedidos de asilo está diminuindo em toda a União Europeia“, com 950.000 solicitações registradas em 2024, em comparação com 1,05 milhão em 2023, acrescentou.

No ano passado, a Ucrânia superou o Afeganistão como a principal nacionalidade dos solicitantes de asilo. O número de pedidos de ucranianos quadruplicou em um ano, chegando a 13.350 solicitações.

Número de brasileiros expulsos da França subiu 82,5%

Segundo o Ministério do Interior da França, em 2024, o maior número de execuções de medidas de expulsão envolve, pelo segundo ano consecutivo, cidadãos argelinos, totalizando 2.999 casos, o número mais alto desde 2014. Três em cada dez estrangeiros expulsos são de origem magrebina. Entre 2017 e 2022, os albaneses representaram a principal nacionalidade afetada por essas medidas.

A evolução mais notável refere-se aos cidadãos turcos, cujo número de expulsões dobrou este ano (+131,3%). Mas os brasileiros agora figuram entre as principais nacionalidades expulsas (+82,5%). O número de marroquinos expulsos também registrou um aumento significativo (+50,2%). A única nacionalidade que apresentou uma redução notável no número de expulsões foi a afegã (-22,5%).

A proporção de retornos forçados é mais alta que a média no caso de argelinos, romenos e afegãos. Já os cidadãos turcos, georgianos e brasileiros se beneficiam mais do que outras nacionalidades com programas de ajuda para retorno voluntário, ainda segundo o documento do governo francês.

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