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A urgência da transformação ecológica e energética…

Há uma frase famosa no livro Grande Sertão: Veredas, do notável escritor João Guimarães Rosa, que diz: “Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”. É fato que estamos vivendo tempos de incertezas e nebulosidade sobre o futuro, fruto de uma polarização deletéria para o avanço de pautas importantíssimas para o Brasil. Em um cenário de perda de foco, torna-se fundamental concentrarmos a nossa atenção naquilo que precisamos endereçar: os encontros recorrentes que estamos tendo, como humanidade, com as mudanças climáticas.

Nesse campo, o mundo já está em um ponto crítico, e não podemos nos perder no nevoeiro de distrações que permeia o debate sobre a transição energética e a economia verde no Brasil. Nossa bússola deve estar claramente orientada para o futuro, no qual a adaptação climática se torna uma necessidade premente. A tarefa já está posta: a preservação dos nossos biomas não é uma escolha, mas uma obrigação.

A transição energética não é só uma questão ambiental; é uma estratégia de desenvolvimento econômico e social. O Brasil pode aumentar seu PIB em até 430 bilhões de dólares por ano e criar 10 milhões de empregos verdes até 2030. Contudo, essa jornada exige investimentos robustos, colaboração entre setores e visão estratégica. Está claro que o cenário é desafiador. A inflação e as taxas de juros crescentes dificultam o investimento. Mas o Brasil tem capacidade de planejar seus sistemas de resiliência elétrica, aproveitando sua cadeia de valor e instituições como o BNDES como alavancas de investimento.

“Precisamos criar um ambiente regulatório e financeiro favorável”

Um estudo da Universidade Johns Hopkins nos ajuda a olhar para o Brasil pelo viés do copo meio cheio. Ele destaca nossas vantagens competitivas de protagonismo mundial na transição energética, com abundância de recursos naturais renováveis e grandes reservas de minerais essenciais. Contudo, para maximizar os resultados dos 60 bilhões de dólares destinados à política Nova Indústria Brasil, precisamos de um direcionamento estratégico mais claro.

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É fundamental que o setor privado permaneça unido na pauta de investimentos verdes. Para isso, precisamos de posicionamentos contundentes em prol da criação de um ambiente regulatório e financeiro cada vez mais favorável à entrada de capital dessa natureza. Mais do que isso, fomentando também mecanismos de cooperação com o governo, a exemplo do Programa Eco Invest Brasil, lançado com foco na mobilização público-privada para facilitar a atração de investimentos estrangeiros essenciais para a transformação ecológica do país.

Não podemos ignorar os fatos da ciência e o setor privado deve continuar reconhecendo seu papel estruturante na construção de um futuro mais sustentável. O Brasil deve liderar essa mudança, mostrando que não estamos perdidos. Não vamos nos perder no nevoeiro; precisamos avançar com clareza e determinação para pavimentar o caminho rumo a um mundo melhor para as novas gerações.

André Clark é vice-presidente sênior da Siemens Energy para a América Latina

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Os textos dos colunistas não refletem necessariamente as opiniões de VEJA NEGÓCIOS

Publicado em VEJA, fevereiro de 2025, edição VEJA Negócios nº 11

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