Adanilo critica caricatura de indígenas na TV: “Ideia colonizadora”
Aos 33 anos de idade, Adanilo se orgulha das origens, mas também do lugar que conquistou. Natural de Compensa, bairro periférico de Manaus, ele deixou a faculdade de Rádio e TV para estudar teatro e agora está no ar na novela das sete, Volta por Cima, como o motorista de ônibus Sidney.
“Acho incrível poder ocupar os espaços que tenho ocupado”, avalia o ator em entrevista ao Metrópoles. Agradecido pelas conquistas da carreira, ele afirma que deseja que mais pessoas da região Nortedo país possam ocupar lugares como ele, que estreou na primeira fase de Renascer como o jovem Deocleciano.
Para Adanilo, a ideia principal de ter indígenas sendo representados é que as pessoas tenham uma visão “mais ampla e diversificada” sobre esse povo. “Meu personagem não fala sobre sua ancestralidade, as questões dele são outras e acho isso um acerto”, pontua o ator sobre Sidney. Ele ressalta ainda que os papéis caricatos não têm mais lugar.
“A ideia colonizadora e falida de que o indígena é somente uma coisa, estereotipada, nunca nos representou e já não aceitamos estar em produções que reforcem esse estigma.”
Ele reforça ainda que “a novela Volta por Cima acerta muito em representatividade”. Com protagonistas negros e personagens amarelos, indígena e de diferentes lugares do Brasil, a trama de Claudia Souto tem a proposta de representar o que as pessoas encontram nas ruas no dia a dia. “É uma novela que tenta abraçar o Brasil e a sua diversidade e acerta muito”, enfatiza o ator.
Com estudos focados nos universos indígenas do Amazonas, ele ainda conta que sonha em interpretar um personagem histórico na carreira. “Desejo muito fazer o Ajuricaba, líder revolucionário do povo Manaó, que encabeçou uma luta armada contra a invasão portuguesa no Século 18, no Amazonas. Foi por conta dele que os Manaó se tornaram mais conhecidos e que a cidade de Manaus assim foi nomeada.”
Importância das novelas para Adanilo
Mais do que interpretar papéis na televisão, o ator é do tipo que acompanha produções desde a juventude. Para ele, é “impossível ser brasileiro e não acompanhar novelas”.
Na memória, o artista guarda conversas sobre personagens e tramas que teve com amigos e familiares. Mas também lembra que se divertia ao imitar trejeitos de atores e bordões.
“As novelas são produtos fundamentais na formação da nossa população e, pensando nisso, valorizo demais a realização desses produtos. São oportunidades de repensar a nossa sociedade.”
