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Amputação do reto, como no caso de Preta Gil, é decisão do paciente


VITOR HUGO BATISTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Em entrevista ao Fantástico neste domingo (8), a cantora Preta Gil disse que passou por uma cirurgia de amputação do reto no ano passado para tratar um câncer colorretal.

Dependendo da gravidade e localização do tumor, o procedimento pode envolver a remoção total do ânus e resultar no uso definitivo de uma bolsa coletora de fezes (colostomia). Nesses casos, a decisão deve ser do paciente.

O reto, parte final do intestino grosso, mede em torno de 15 cm e é divididos em três partes. A cirurgia pode preservar o ânus em tumores localizados na parte superior.

Nesses casos, o paciente é submetido a uma cirurgia de remoção do tumor, em que os médicos retiram uma área além da que foi afetada, por segurança. O intestino grosso é então exteriorizado para o abdômen e o paciente passa a evacuar por uma bolsa de colostomia.

Após um período de cicatrização do reto, é realizada uma anastomose, que é a reconexão da parte saudável do intestino ao ânus.

No entanto, quando o tumor está localizado na parte média ou inferior, que é mais próxima ao ânus, pode ser necessária uma remoção não apenas do reto, mas de uma amputação abdominoperineal, que resulta na remoção total do ânus e no uso de uma bolsa de colostomia pelo resto da vida.

“Se o tumor estiver muito próximo ao canal anal ou invadindo o esfíncter anal, que controla a eliminação das fezes, a remoção completa é necessária para garantir que o tumor não volte”, explica o cirurgião oncológico Rodrigo Pinheiro, presidente da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica) e titular do Hospital de Base, em Brasília.

Entre as principais complicações, estão alterações no aparelho urinário, dores crônicas e a possibilidade de hérnia na parede abdominal.

Além das questões físicas, há aspectos emocionais e psicológicos que precisam ser considerados. A imagem corporal, a aceitação da bolsa de colostomia e o impacto na vida social e profissional são questões que precisam ser abordadas previamente.

Pinheiro afirma que o conceito de qualidade de vida após a cirurgia envolve as dimensões social, familiar, emocional e física do paciente.

“Por isso, o planejamento do tratamento deve ser feito com uma equipe multidisciplinar, que inclua psicólogos, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde”, diz.

A qualidade de vida dos pacientes com colostomia definitiva pode ser plenamente satisfatória, embora aqueles que não precisam da bolsa podem ter, em geral, melhor qualidade de vida.

“Viver com uma colostomia definitiva não significa perder a qualidade de vida. Tenho pacientes que são executivos de empresas, professores, pessoas que têm uma rotina ativa e saudável mesmo com a bolsa”, diz o cirurgião.

Segundo Pinheiro, a decisão final sobre a cirurgia e a possibilidade de viver com uma colostomia definitiva deve ser do paciente, e cabe aos médicos oferecer o máximo de informações e suporte para que a melhor escolha seja feita.

“Essa conversa deve ser muito franca, e o paciente precisa estar plenamente ciente de todas as implicações da cirurgia. É uma decisão que impacta a qualidade de vida. No entanto, muitas vezes é a única opção segura para garantir a eliminação do câncer”, explica.

Há situações em que o tumor colorretal desaparece após os tratamentos de quimioterapia e radioterapia, o que evita uma cirurgia de remoção completa, mas esses casos são exceção.

“O paciente pode decidir apenas seguir com um acompanhamento rigoroso para monitorar o retorno do câncer. Mas a maioria dos casos requer cirurgia para garantir a cura”, afirma.

Segundo o médico, a especialização da equipe médica, além do acesso à tecnologia e exames avançados permitem um planejamento prévio eficiente para minimizar os riscos e aumentar as chances de sucesso no tratamento.


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