Política

Atos terroristas: relembre os casos marcantes que impactaram o Brasil

Embora o Brasil seja considerado um país seguro em relação a ações de grupos terroristas, a história brasileira conta com episódios de tentativas e suspeitas de atos terroristas marcantes. Com mais um ato ocorrido nesta semana, com o atentado do homem-bomba ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quarta-feira (13/11), Metrópoles listou alguns outros atos desse tipo da história do país. Relembre as histórias abaixo.

O primeiro sequestro aéreo do Brasil (1959)

Em 2 de dezembro de 1959, o Brasil registrou seu primeiro sequestro aéreo. O major Eder Teixeira Pinto sequestrou um avião da Panair do Brasil, um Constellation que fazia a rota entre Rio de Janeiro e Belém. O sequestro fazia parte de um levante militar contra o governo de Juscelino Kubitschek, liderado pelo Major Veloso, e teve apoio de oficiais da Aeronáutica em Aragarças (GO).

O plano envolvia ataques aos Palácios das Laranjeiras e do Catete, no Rio de Janeiro, e a ocupação de bases militares no Pará. Em resposta, o ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, enviou tropas para reprimir a rebelião. Após um confronto no aeroporto, os líderes rebeldes fugiram para países vizinhos, retornando ao Brasil apenas no governo de Jânio Quadros.

Em 2 de dezembro de 1959, o Brasil registrou seu primeiro sequestro aéreo.

 Atentado do Riocentro (1981)

Com o ataque a bomba ao STF, algumas pessoas lembraram nesta semana do atentado do Riocentro, considerado um dos casos mais emblemáticos da história. O incidente ocorreu durante o período militar, em 30 de abril de 1981. No Dia do Trabalhador, uma explosão no estacionamento do Riocentro, no Rio de Janeiro, resultou de um plano falho dos militares durante um show de música popular brasileira no local.

O intuito era culpar grupos de oposição, que eram contra a ditadura militar no Brasil, plantando bombas no local e, assim, justificar a necessidade do seu aparato de repressão e retardar a abertura política em andamento. Entretanto, uma bomba explodiu em um veículo que conduzia dois militares do Exército, levando um a óbito e ferindo o outro.

As tensões internas do regime foram reveladas após o plano ser exposto. Essa tentativa de terrorismo foi um marco na pressão militar e impactou a reação popular contra o governo da época. Os militares envolvidos no atentado foram identificados, mas muitos deles não foram punidos devido à Lei da Anistia, que protegia os crimes cometidos durante a ditadura militar.

 

Imagem preto e branco - Atentado do RioCentro - Metrópoles
Atentado do RioCentro.

Sequestro do voo 375 (1988)

Em 29 de setembro de 1988, o Brasil foi abalado pelo sequestro do voo 375 da VASP, realizado por Raimundo Nonato Alves da Conceição, que expressava sua indignação com a situação econômica do país e o governo de José Sarney.

Ele planejava colidir o avião no Palácio do Planalto, localizado em Brasília (DF). Após balear um comissário que tentou impedi-lo durante o sequestro, a negociação se intensificou com as autoridades.

As autoridades brasileiras foram imediatamente mobilizadas para negociar com o sequestrador e evitar uma tragédia de grandes proporções. Após longas horas de negociações, a Polícia Federal conseguiu convencer Nonato a se render. Entretanto, durante a operação de resgate, o sequestrador foi baleado e preso.

O incidente gerou discussões sobre segurança aérea e a necessidade de melhores políticas sociais e inspirou um filme lançado em 2023.

Imagem colorida, voo 375
Há 30 anos, sequestrador queria jogar Boeing da Vasp no Palácio do Planalto.

Operação Hashtag (2016)

O país foi surpreendido às vésperas das Olimpíadas do Rio, após um grupo de 12 pessoas serem presas suspeitas de planejar um atentado durante os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

A operação, nomeada de Hashtag, revelou que os detidos planejavam ações terroristas para atrair a atenção global, e, em abril de 2016, integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) receberam informações de que brasileiros radicados no país estavam mantendo contato com integrantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

À época, os detentos foram enquadrados na lei antiterrorismo, que versa sobre “promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, à organização terrorista”. Leonid El Kadre de Melo, Alisson Luan De Oliveira, Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo, Levi Ribeiro Fernandes De Jesus, Israel Pedra Mesquita, Hortencio Yoshitake, Luis Gustavo de Oliveira e Fernando Pinheiro Cabral foram condenados a penas que variam de 5 a 15 anos de prisão em regime fechado.

A operação, coordenada pela Polícia Federal com apoio de agências internacionais, impediu que os suspeitos levassem o plano adiante, acendendo um alerta sobre a presença de células extremistas no país.

Imagem colorida, Operação HashTag - Metrópoles
Os suspeitos foram enquadrados na lei antiterrorismo, que prevê penas de até 15 anos de prisão para atividades relacionadas ao terrorismo.

Caso do “Homem-Bomba” em Brasília (2024)

Um caso recente está repercutindo no território nacional. Francisco Wanderley Luiz é autor de duas explosões que aconteceram na noite desta última quarta-feira (13/11) nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, deixando uma pessoa morta.

Apelidado de “homem-bomba” por arremessar explosivos em direção à Estátua da Justiça, Wanderley estava há cerca de três meses morando em uma casa alugada em Ceilândia (DF). Pouco antes de Francisco explodir, um carro registrado no nome dele também explodiu, no estacionamento próximo ao STF.

Após o ocorrido, como medida de segurança, os ministros do Supremo foram retirados às pressas e o perímetro da Praça dos Três Poderes foi isolado pela polícia, devido ao risco de novas explosões.

Francisco foi candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL), em 2020, na cidade de Rio do Sul (SC), onde morava. Lá, ele era conhecido como Tiü França. Ele morreu no local, no momento da explosão.

Imagem colorida de homem-bomba e casa onde ele residia em Santa Catarina - Metrópoles
O “homem-bomba”.

Caso do caminhão-tanque no aeroporto de Brasília (2022)

No dia 24 de dezembro de 2022, véspera do Natal, a Capital Federal era surpreendida com denúncia de bomba em um caminhão-tanque nas proximidades do Aeroporto de Brasília.

George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues foram condenados por planejarem um ataque através de bomba análoga à dinamite implementada no eixo traseiro de um caminhão-tanque. O veículo, carregado com 60 mil litros de querosene de aviação, estava a caminho de entrar no aeroporto.

Os extremistas, que se conheceram durante acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, tinham a intenção de explodir o artefato no Aeroporto JK. O motorista notou um objeto estranho no caminhão e acionou a Polícia Militar.

George, responsável por providenciar e preparar a bomba, foi preso no dia do atendado. Durante prisão, foram encontrados arsenal de armas e explosivos em um apartamento alugado. Alan Diego foi o responsável por colocar a bomba no caminhão-tanque e foi preso em janeiro em Comodoro (MT).

Ambos cumprem pena em Brasília.

Imagem colorida mostra bomba encontrada no aeroporto - Metrópoles
Desativação do explosivo mobiliza bombeiros e policiais militares

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