Aumento do preço do álcool nos postos do DF
Os motoristas do Distrito Federal estão sentindo o aumento do preço do etanol hidratado, que segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a média é de R$4,09 por litro em novembro. No Brasil, o valor do litro deste combustível estava em cerca de R$4,04.
A diferença entre as faixas de preço do ano passado para esse mesmo período em 2024, ainda de acordo com o painel dinâmico da ANP, é de 0,48 centavos a mais no preço do etanol no DF, que em 2023 estava R$3,61. A nível nacional, a média estava em R$3,56 por litro.
O empresário Pedro Henrique Nascimento Oliveira, 22 anos, estava abastecendo o carro nessa última quinta-feira, em um posto na Asa Sul e comentou que os valores dos combustíveis precisam baixar. “Coloquei etanol, porque mesmo que ele esteja com um valor mais alto, compensa mais para o meu carro depois de fazer as contas”, afirmou. Pedro colocou R$60 de etanol que iriam durar um dia. “Só para ir e voltar do trabalho”.
A estudante Sofia Jardim de Oliveira Lima, 20 anos, estava abastecendo o carro essa semana em uma promoção no centro da cidade com etanol. Sofia costuma optar pela gasolina, mas com a alta nos preços, depois que encontrou a promoção, resolveu mudar um pouco. “Porque normalmente o preço está mais alto, mas por aplicativo no PIX, dinheiro ou débito, se eu não me engano, a gasolina sai R$5,60 e pouco e o álcool fica R$3,80”. Para fugir dos preços muito caros dos combustíveis, Sofia tenta sempre se deslocar até o Plano Piloto, onde considera melhor abastecer o carro.
Isaías Ruxo, 54 anos, é motorista de aplicativo é para ele, mesmo que o álcool esteja um pouco caro, está compensando mais. “Tem que tomar cuidado para não ficar rodando muito, porque se você ficar andando o álcool vai embora, já que é um combustível que sobe muito rápido”, alertou.
Para Isaías os preços poderiam melhorar, tanto do etanol, quanto da gasolina. Como ele roda muito, observa os valores da maioria das regiões. “Estou achando alto. Os postos estão com as faixas de preços todas iguais”, ressaltou. “Alguns tem diferença para motorista de aplicativo, mas o preço normal é igual ao dos outros. É difícil ter um posto que tem diferença é que seja um preço barato”. Apesar do aumento nos números na hora de abastecer, Isaías lembra que os preços já foram piores. “Até deu uma baixada, mas poderia ser mais barato. Nós somos auto-suficientes em petróleo, dava para baixar um pouquinho esses valores”.
O motorista de aplicativo Rafael Teodoro, 36 anos, considera que os preços dos combustíveis são muito instáveis. “Às vezes aumenta, às vezes baixa e atualmente está caro”. O condutor contou que sempre procura promoções ou aplicativos dos postos que tenham preços mais em conta.
Alta do preço de mercado
Paulo Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (a Sindicombustíveis DF), apontou que a elevação do preço do etanol se deve simplesmente ao mercado. “Diferentemente do preço da gasolina e do diesel que dependem de ações da Petrobras, que ficou um ano sem reajustar os seus preços, ou seja, o único reajuste que aconteceu esse ano foi em julho, dia 7 de julho, depois de um ano sem reajustar”, afirmou.
No caso do etanol, Paulo destacou que se trata de um preço que varia semanalmente, todas as terças-feiras, quando há modificação de preços do álcool pelo mercado, seguido pelo Indicador Semanal de Etanol Hidratado Combustível (CEPEA/ESALQ). Tavares explicou que a ESALQ tem os preços da região Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, que são os maiores produtores desse combustível. “Essa variação de preço se modifica semanalmente e é em cima desses preços que o mercado é gerido, tanto pelas distribuidoras, como os revendedores que compram nas distribuidoras.
O presidente do sindicato ainda apontou que a medida que o preço do etanol aumenta ou diminui, afeta também a gasolina, que é formada por 27% de etanol. “Se o preço do etanol subir 30 centavos, 10 centavos vão ficar para a gasolina, ou seja, um terço. E o etanol desde janeiro deste ano teve uma elevação de R$0,66 centavos no litro”. Ele ressaltou que somente esse ano, houve uma elevação de 38%,
Paulo complementou ainda que isso se deve ao mercado devido a demanda muito grande e uma oferta menor do que o esperado. “Os estoques estão baixando, a busca do consumidor pelo está muito alta, então os preços vêm se elevando semanalmente, subindo R$0,1, R$0,2, R$0,3 ou até R$0,5 centavos no etanol do mercado. E o que acontece é que a cada 30, 40 dias, isso acaba afetando a gasolina também”.
Em nota, a União da Indústria da Cana de Açúcar e Biocombustíveis (Única) explicou que o preço do etanol hidratado na bomba atualmente representa cerca de 65% do preço da gasolina, valor inferior a paridade média entre os combustíveis registrada no ano passado (cerca de 66%).
Segundo a organização, a produção de etanol pelas unidades do Centro-Sul até o momento é 6,87% superior aos valores registrados em igual período de 2023. “Em síntese, não temos qualquer problema com a oferta do biocombustível e o preço do etanol ao longo deste ano tem oferecido aos consumidores economia superior àquela registrada no mesmo período de 2023”.