Avenida da misericórdia: moradores enfrentam dificuldades com obras e lama
Por Camila Coimbra
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As obras na Avenida da Misericórdia, em Vicente Pires, começaram entre abril e junho deste ano, durante o período da seca. Naquele momento, o principal problema na área era a poeira excessiva. Com a chegada das chuvas, no entanto, as ruas da avenida se transformaram em um grande lamaçal, dificultando o tráfego, causando atolamentos e gerando transtornos para os moradores e comerciantes da região.
Edileuza Borges, 34 anos, moradora de Vicente Pires, relatou a difícil situação enfrentada pelos moradores devido às obras inacabadas. Ela vive na chácara 111, que fica mais ao meio da rua, e explicou que o maior impacto tem sido nas crianças que utilizam o transporte escolar. “Antigamente, elas tinham paradas estratégicas ao longo da avenida. Porém, agora, com apenas metade da rua asfaltada, o ônibus está parando no início da via, o que faz com que as pessoas que moram nas chácaras 55 e 56 precisem caminhar pelo meio da lama para buscar as crianças”, descreveu. Esse transtorno ocorre nos horários da manhã, meio-dia e final da tarde. Edileuza também mencionou que, embora a iluminação pública na sua área ainda não tenha sido afetada, alguns pontos mais abaixo, como as chácaras 55 e 56, ficaram sem energia quando as obras começaram.
Lourdes Maria, 23 anos, comerciante local de um salão de beleza, também enfrenta dificuldades com as obras. Ela comentou sobre os impactos diretos no seu negócio e na locomoção dos moradores. “A locomoção está complicada, não só para quem trabalha aqui, mas também para quem depende de serviços como Uber. Muita gente usa Uber para ir trabalhar, mas o serviço está difícil por conta das condições das ruas. Muitos comércios fecharam, e o movimento caiu, porque as pessoas evitam passar por aqui para não estragar o carro”, explicou. Ela mencionou que o problema se estende às entregas, pois algumas empresas se recusam a entregar na área. “Você coloca o endereço daqui, e o pessoal evita. Até o Uber parece que parou de atender”, completou.
Dona de um salão que também vende roupas, Lourdes relatou que a clientela se manteve graças aos clientes fiéis, mas muitos moradores que podiam se mudar, já o fizeram. “O comércio perdeu muitos clientes”, lamentou. Ela tem esperança de que, pelo menos, a calçada em frente ao seu prédio seja finalizada em breve para amenizar a situação.
Em resposta às obras inacabadas, a Secretaria de Obras convocou uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (17) para esclarecer as ações do GDF em relação às obras, com a chegada das chuvas. Na ocasião, estavam presentes, à mesa, o Diretor Técnico da Terracap, Hamilton Filho; o Secretário de Obras e Infraestrutura, Valter Casimiro; e o Diretor-Presidente da Novacap, Fernando Leite. O Jornal de Brasília questionou o Secretário Valter Casimiro sobre a situação da Avenida da Misericórdia.
Valter Casimiro explicou que, embora grande parte da drenagem tenha sido realizada, ainda há algumas interligações a serem feitas. A parte superior da obra, já pavimentada, e a parte inferior, que conta com as canaletas de drenagem instaladas, estão praticamente concluídas. No entanto, na área onde há um buraco, ainda falta colocar as caneleiras e os tubos de drenagem. Assim que essa etapa for concluída, será possível fechar todo o sistema de drenagem e, em seguida, finalizar o pavimento.
Para garantir que o fluxo de moradores na região não seja interrompido, o trabalho precisa ser executado de forma planejada, com uma ordem de execução bem definida. Valter ressaltou que é necessário evitar bloquear completamente a circulação, e, por isso, a obra avança de forma gradual, com a atuação de apenas uma equipe por vez.
Em relação à pavimentação, após a finalização do sistema de drenagem, o próximo passo será a interligação das bocas de lobo, o que permitirá a captação da água da chuva, essencial para evitar o acúmulo de água na via. Ele destacou que o terreno apresenta grande debilidade em termos de drenagem, e a água captada será direcionada para a rede de escoamento. No entanto, a pavimentação completa ainda não pode ser feita, pois o solo está muito encharcado, o que impede a compactação adequada. Valter Casimiro estima que a obra completa deve ser finalizada até 2025.
Em nota, a Secretaria de Obras informou que a avenida em questão está inserida nas obras do lote 2 de Vicente Pires. Neste lote, estão sendo executadas obras de infraestrutura e urbanização, que consistem em drenagem, pavimentação, instalação de meios-fios, construção de calçadas, abertura de novas bocas de lobo e sinalização.
As obras do lote 2 foram iniciadas em abril deste ano, com a construção de uma lagoa de detenção na região e pela avenida em questão. As obras de drenagem na via serão concluídas nos próximos dias, quando poderemos colocá-la em carga. Paralelamente a isso, a Caesb segue executando o rebaixamento das redes de água e esgoto. As obras de pavimentação também seguem em andamento e prosseguirão assim que tivermos alguns dias sem chuva. Os serviços na avenida somente serão concluídos no próximo período de estiagem. As obras do lote 2, por sua vez, têm previsão de término para o fim do ano que vem.
Enquanto isso, a empresa contratada colocará na via um material mais resistente para reduzir a quantidade de terra, minimizar os transtornos e garantir a trafegabilidade.