Barroso diz que será necessário resistir contra “negacionismo” ambiental
O ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse nesta terça-feira (21) que aqueles preocupados com as condições ambientais e mudanças climáticas vão viver um momento de resistência contra a volta do “negacionismo”.
O ministro afirmou que a história é feita de avanços e recuos, mas que isso não deve distrair as pessoas de “empurrar a história na direção certa”.
“Acho que o mundo vai viver um momento muito difícil na questão ambiental. E acho que vai e ser um momento de resistência pela volta triunfal do negacionismo. É a ideia de que você virar a as costas para um problema não faz ele ir embora”, afirmou em painel do Fórum Econômico Mundial (WEF) que discutia a COP30 no Brasil.
O WEF é o principal centro de debates da economia mundial e ocorre na Suíça.
“A preocupação ambiental vai viver esse momento de resistência, mas a gente não pode abandonar a luta. A história não é linear. A história é feita de avanços e de recuos, mas a gente não pode se deixar contaminar pela mudança dos ventos. Nosso papel continua a ser o de empurrar a história na direção certa”, disse Barroso.
A fala do ministro se dá um dia depois da posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Já no primeiro dia de trabalho em seu segundo mandato, Trump assinou uma ação retirando os EUA novamente do acordo climático de Paris, um pacto global de redução de emissões. Os Estados Unidos são, atualmente, o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, atrás somente da China.
Trump também anunciou que pretende acabar com o Green New Deal, marco que prevê a promoção de um modelo econômico sustentável no país, e o retorno da indústria automotiva dos EUA, sem priorizar veículos elétricos e valorizando combustíveis fósseis.
O ministro afirmou ainda que o Brasil não tem condições de ser uma liderança industrial ou tecnológica, mas tem um enorme potencial em ser uma liderança ambiental.
Ele citou a presença da Amazônia como maior armazenadora de carbono no mundo e o fato de que a energia no Brasil é predominantemente limpa e de bases renováveis.
“O Brasil hoje não tem condições de ser uma liderança industrial, não tem condições também de ser uma liderança tecnológica, espero que possa ser em algum lugar do futuro próximo. Mas tem toda condição de ser uma liderança ambiental, por muitas razões, a começar pelo fato de que a energia no Brasil é predominantemente limpa e, sobretudo na parte de energia elétrica é predominantemente fluvial, mais que o triplo da média mundial”, afirmou.
“Além disso temos um imenso potencial e energia renováveis e temos a Amazônia que é a maior prestadora de serviços ambientais no mundo, pela biodiversidade, pelo papel no ciclo da água e por ser o maior armazenador de carbono”, completou o ministro.