Política

Bolo envenenado: suspeita admitiu compra de arsênio em cartas

De acordo com os delegados responsáveis pela conclusão do inquérito do caso que ficou conhecido como “Bolo envenenado”, Deise Moura dos Anjos, presa sob suspeita de matar quatro pessoas com um bolo envenenado com arsênio, no Rio Grande do Sul, admitiu, por meio de cartas, ter comprado arsênio. A mensagem foi encontrada na cela da suspeita após Deise tirar a própria vida.

“Ela escreveu alguns bilhetes. Primeiro, tem uma camiseta em que ela escreveu um desabafo, dizendo: ‘Não sou assassina, só sou um ser humano fraco com depressão por tanto sofrer e pagar pelo erro dos outros’. É uma série de cartas. No primeiro momento, vimos apenas a camiseta, mas, depois, na avaliação detalhada do local, apareceram alguns escritos”, contou o delegado Fernando Sodré ao Metrópoles.

Na coletiva de imprensa, realizada nesta sexta-feira (21/2) para divulgação do resultado do inquérito, Sodré acrescentou que entre o conteúdo das cartas estava a confissão da compra do veneno. “Ela diz ter comprado arsênio para ela e culpa a sogra por isso.”


Linha do tempo do crime

  • Agosto de 2024: Deise compra 100 gramas de arsênio, segundo a polícia.
  • 2 de setembro de 2024: sogros usam o leite em pó, contaminado com arsênio, levado por Deise para fazer café, e passam mal. Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, morre sob suspeita de intoxicação alimentar. A polícia afirma que ele foi envenenado e que Deise tentou convencer a família a cremar o corpo.
  • 16 de novembro a 20 de novembro de 2024: Deise envenena a farinha do bolo.
  • 24 de dezembro de 2024: Neuza e Maida, irmãs da sogra de Deise, e Tatiana, prima do marido da mulher, falecem após comer o bolo. O filho de Tatiana, de 11 anos, e Zeli são hospitalizados em estado grave.
  • 27 de dezembro: quatro dias após o envenenamento, celular de Deise é apreendido.
  • 3 de janeiro: filho de Tatiana recebe alta hospitalar.
  • 5 de janeiro: Deise é presa preventivamente.
  • 8 de janeiro: a polícia exuma o corpo de Paulo Luiz dos Anjos e comprova envenenamento com arsênio.
  • 10 de janeiro: Zeli, sogra de Deise e principal alvo do crime, recebe alta hospitalar.
  • 31 de janeiro: Justiça prorrogou a prisão temporária de Deise.
  • 13 de fevereiro: Deise é encontrada morta na cela.

O inquérito concluiu que Deise Moura dos Anjos causou a morte de quatro membros da família, sendo três em dezembro de 2024, e que ela agiu sozinha. O que ainda precisa ser apurado é como Deise conseguiu comprar com tanta facilidade o arsênio. A mulher comprou 100 gramas do veneno de um laboratório pela Internet e recebeu a encomenda pelos Correios.

“Vamos verificar até que ponto isso é legal, não é, e como se desenvolveram essas compras. Temos o primeiro elemento, que é a nota fiscal. Estamos apurando é como a empresa vendeu isso, com que critério”, explicou o delegado.

De acordo com a delegada regional do Litoral Norte, Sabrina Deffente, a perícia também analisou o computador de Deise, onde foram identificadas pesquisas sobre o veneno e como se deu a compra.

“Ela pesquisava sobre o veneno, sobre onde poderia colocar o veneno para causar as mortes, o recebimento da mercadoria, tudo a gente ia encontrando no celular”, afirmou Sabrina durante a coletiva.

A delegada afirma que Deise dos Anjos “tinha grave perturbação mental”. “Até se cogitou motivação financeira, mas quando descobrimos que tentou matar marido e filho, a motivação financeira foi descartada. O único motivo encontrado foi grave perturbação mental”, disse a investigadora.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *