Chegaremos aos 100? Expectativa de vida está desacelerando, diz estudo
Nos últimos séculos, a expectativa de vida no Brasil e no mundo aumentou consideravelmente. Se o normal era morrer de velho com 47 anos no início do século 20, com os avanços médicos e o controle de muitas doenças infecciosas, no começo do século 21 já se esperava que uma pessoa vivesse até os 69 anos em países mais desenvolvidos.
Apesar de se falar muito sobre viver até os 100 anos, pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, apontam que o crescimento da expectativa de vida atualmente é muito menor do que foi no século passado. O estudo, publicado nessa segunda (7/10) na revista científica Nature Aging, sugere que nas próximas décadas o aumento será de apenas 2,5 anos.
Foram analisados dados de expectativa de vida entre 1990 e 2019 de países conhecidos pela população longeva: Austrália, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Suécia, Suíça e Hong Kong. Segundo os cientistas, desde 1990 a extensão da vida vem aumentando mais vagarosamente. Espera-se que apenas 5,1% das mulheres e 1,8% dos homens nascidos nesse ano cheguem aos 100 anos de idade.
“A nossa análise mostra que é improvável que a sobrevivência até os 100 anos de idade exceda 15% para as mulheres e 5% para os homens, sugerindo no seu conjunto que, a menos que os processos de envelhecimento biológico possam ser acentuadamente retardados, a extensão radical da vida humana é implausível neste século”, escrevem os autores no artigo publicado.
O pesquisador Jay Olshansky, um dos autores do estudo, sugere que a raça humana simplesmente chegou ao limite final da expectativa de vida, e agora é preciso focar não em viver mais, mas em viver bem.
Ele argumenta que as pesquisas mais modernas, que tentam achar uma cura para o câncer ou Alzheimer, não devem impactar na longevidade: elas só permitiriam que a pessoa viva mais para experimentar o envelhecimento, mas não resolvem o fato que ainda não sabemos como parar ou reverter o relógio biológico.
“Estas descobertas sugerem que, para continuar a prolongar a esperança de vida humana, mais investigação deve ser canalizada para o estudo da gerociência, que investiga a biologia do envelhecimento, e não apenas as doenças associadas ao processo. Agora, precisamos nos concentrar na fabricação do bem mais precioso da Terra, que é a vida saudável”, afirma o pesquisador em entrevista ao site Live Science.
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