Fazer jejum de 16 horas, restringindo a alimentação a uma janela de apenas oito horas ao dia, melhora significativamente o controle da glicemia em adultos com risco de diabetes tipo 2. E os benefícios podem ser sentidos com apenas três dias.
A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Metropolitana de Manchester, do Reino Unido, e será apresentada esta semana na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD). O evento ocorre em Madri, na Espanha, até sexta-feira (13/9).
“Nosso estudo descobriu que restringir a alimentação a uma janela de oito horas por dia reduziu as flutuações nos níveis de glicemia“, afirma a principal autora do estudo, Kelly Bowden Davies, em comunicado à imprensa.
Leia também
Saúde
Hábitos noturnos podem aumentar risco de diabetes, aponta estudo
Saúde
Dieta e exercícios revertem predisposição à diabetes 2, diz estudo
Saúde
Confira os benefícios de beber um copo de água em jejum todos os dias
Saúde
Jejum pode melhorar resposta de células contra câncer, sugere estudo
O estudo revelou também que pouco importa se a primeira refeição do dia ocorre nas primeiras horas da manhã ou mais tarde. Os benefícios são os mesmos se as 16 horas de restrição alimentar forem cumpridas.
“Nossas descobertas, que podem ser atribuídas à janela de jejum de 16 horas em vez do horário de alimentação ou mudanças na ingestão de energia, também destacam que o benefício da alimentação com restrição de tempo pode ser visto em apenas três dias”, conta a cientista.
14 imagens
1 de 14
A diabetes é uma doença que tem como principal característica o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Grave e, durante boa parte do tempo, silenciosa, ela pode afetar vários órgãos do corpo, tais como: olhos, rins, nervos e coração, quando não tratada
Oscar Wong/ Getty Images
2 de 14
A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas
moodboard/ Getty Images
3 de 14
A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo
Peter Dazeley/ Getty Images
4 de 14
Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal
Peter Cade/ Getty Images
5 de 14
A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais
Maskot/ Getty Images
6 de 14
Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta
Artur Debat/ Getty Images
7 de 14
A diabetes gestacional acomete grávidas que, em geral, apresentam histórico familiar da doença. A resistência à insulina ocorre especialmente a partir do segundo trimestre e pode causar complicações para o bebê, como má formação, prematuridade, problemas respiratórios, entre outros
Chris Beavon/ Getty Images
8 de 14
Além dessas, existem ainda outras formas de desenvolver a doença, apesar de raras. Algumas delas são: devido a doenças no pâncreas, defeito genético, por doenças endócrinas ou por uso de medicamento
Guido Mieth/ Getty Images
9 de 14
É comum também a utilização do termo pré-diabetes, que indica o aumento considerável de açúcar no sangue, mas não o suficiente para diagnosticar a doença
GSO Images/ Getty Images
10 de 14
Os sintomas da diabetes podem variar dependendo do tipo. No entanto, de forma geral, são: sede intensa, urina em excesso e coceira no corpo. Histórico familiar e obesidade são fatores de risco
Thanasis Zovoilis/ Getty Images
11 de 14
Alguns outros sinais também podem indicar a presença da doença, como saliências ósseas nos pés e insensibilidade na região, visão embaçada, presença frequente de micoses e infecções
Peter Dazeley/ Getty Images
12 de 14
O diagnóstico é feito após exames de rotina, como o teste de glicemia em jejum, que mede a quantidade de glicose no sangue. Os valores de referência são: inferior a 99 mg/dL (normal), entre 100 a 125 mg/dL (pré-diabetes), acima de 126 mg/dL (Diabetes)
Panyawat Boontanom / EyeEm/ Getty Images
13 de 14
Qualquer que seja o tipo da doença, o principal tratamento é controlar os níveis de glicose. Manter uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios ajudam a manter o peso saudável e os índices glicêmicos e de colesterol sob controle
Oscar Wong/ Getty Images
14 de 14
Quando a diabetes não é tratada devidamente, os níveis de açúcar no sangue podem ficar elevados por muito tempo e causar sérios problemas ao paciente. Algumas das complicações geradas são surdez, neuropatia, doenças cardiovasculares, retinoplastia e até mesmo depressão
Image Source/ Getty Images
Estudos anteriores já mostraram que a limitação do tempo em que as pessoas se alimentam — e não do que comem — pode melhorar a capacidade do corpo de responder à insulina (sensibilidade à insulina) e os níveis médios de açúcar no sangue (hemoglobina glicada) ao longo de um período de semanas e meses em pessoas com risco de diabetes tipo 2.
Para entender se o horário da primeira refeição tem alguma interferência nesse benefício, os pesquisadores fizeram um experimento com 15 adultos sedentários, com sobrepeso e média de idade de 52 anos. Essas pessoas habitualmente se alimentavam por um período de mais de 14 horas por dia.
Durante o estudo, elas seguiram três modelos de regime por três dias seguidos para comparação:
Oito horas de alimentação, começando cedo (entre 8h da manhã e 16h da tarde);
Oito horas de alimentação mais tarde (das 12h às 20h);
14 horas de alimentação, como de costume.
Nos dias em que se alimentaram por apenas oito horas, os participantes seguiram uma dieta indicada pelos pesquisadores, com 50% de carboidratos, 30% de gordura e 20% de proteína. Quando seguiram uma rotina com 14 horas de alimentação, eles foram livres para se alimentar como o habitual.
Ter um período de alimentação limitado a oito horas melhorou significativamente o controle do açúcar no sangue, em comparação aos que podiam comer por mais tempo.
“Muitas pessoas acham difícil manter a contagem de calorias a longo prazo, mas nosso estudo sugere que observar o relógio pode oferecer uma maneira simples de melhorar o controle do açúcar no sangue em pessoas com risco de diabetes tipo 2, independentemente de quando elas têm sua janela de alimentação de 8 horas, o que justifica investigação em estudos maiores e a longo prazo”, considera o médico Bowden Davies, pesquisador do estudo.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!