Com milhares sem luz, ministério diz que apagão em SP está perto de normalização
FÁBIO PESCARINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O governo Lula (PT) disse na noite desta quarta-feira (16) que há sinalização de que será cumprido prazo dado para a concessionária Enel resolver a situação do fornecimento de energia em São Paulo.
Em entrevista na última segunda-feira (14), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a empresa tinha três dias para resolver o problema de falta de energia.
Assim, a companhia teria, junto com as equipes de outras distribuidoras, até a manhã de quinta-feira (17) para terminar os reparos e restabelecer totalmente o serviço.
Em nota na noite desta quarta, a pasta federal disse ter recebido da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) informações de que a situação do fornecimento de energia elétrica em São Paulo está próxima da normalização, sinalizando para o devido cumprimento do prazo determinado pelo ministério.
No último boletim sobre o apagão, a Enel afirmou que às 17h desta quarta ainda havia 74 mil clientes sem fornecimento de energia desde a tempestade da última sexta-feira (11), quando o número chegou a 2,1 milhões de imóveis na região metropolitana de São Paulo.
“As equipes atuam, desde os primeiros momentos da tempestade de sexta-feira, no restabelecimento de energia para os clientes que tiveram o serviço afetado e para aqueles que ingressaram com chamados de falta de luz ao longo dos últimos dias”, afirmou a Enel, em nota.
A concessionária de origem italiana é responsável pela distribuição de energia elétrica na capital e 24 municípios situados na região metropolitana de São Paulo, em uma área total de 4.526 km². A estrutura soma 163 subestações e 42 mil km de redes de transmissão, abastecendo cerca de 8,2 milhões de usuários diariamente.
Na entrevista coletiva da última segunda-feira, o ministro Silveira também atacou o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, ao falar de problemas na poda de árvores.
“Mais de 50% dos eventos foram causados por árvore caindo em cima do sistema de média e baixa tensão em São Paulo”, afirmou,
Em agenda naquele dia, o prefeito chamou o ministro de fraco e omisso. “Em vez de tomar atitudes estava bem na sexta-feira lá na Europa sentado com a Enel discutindo a renovação”, em referência à participação de Silveira em um evento da Enel em Roma. Ele voltou a negar que estivesse discutindo a renovação da concessão.
A CGU (Controladoria-Geral da União) abriu uma investigação preliminar para apurar possíveis irregularidades envolvendo dirigentes da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A medida foi tomada após denúncia de Silveira.
O ministro vem questionando o papel da Aneel em diferentes temas, sendo o mais recente a atuação da agência quanto à falta de fornecimento de eletricidade na cidade de São Paulo por parte da Enel.
Segundo ele, sua pasta pediu à agência a abertura de processo administrativo em abril e nada foi feito.
“O processo investigativo segue em caráter sigiloso, em conformidade com as normas vigentes, a fim de garantir a integridade das apurações e o devido processo legal. A CGU reafirma seu compromisso com a transparência e a correção de eventuais desvios de conduta na administração pública e manterá o público informado assim que o processo for concluído”, afirma a CGU, em nota.
Na terça (15), após uma reunião com o ministro do TCU Augusto Nardes, o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos) e prefeitos da capital e de outros municípios da Grande São Paulo pediram intervenção na Enel.
A sugestão é acompanhada por um pedido de abertura de dados operacionais da companhia e de uma revisão de indicadores como os que medem número de unidades consumidores sem energia após o temporal da última sexta.
Os pedidos e sugestões ao TCU, reunidos em uma carta, incluem uma revisão do convênio da Aneel com a Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) para dar mais poder à agência paulista.