“Comedora de cérebro”: saiba sobre ameba que causou morte no CE
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) investiga o falecimento de uma menina de 1 ano, ocorrida em outubro, em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza. A criança morreu após uma infecção provocada pela ameba Naegleria fowleri, que é conhecida como bactéria comedora de cérebro.
Em entrevista ao Metrópoles, o Secretário Executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto, afirmou que a suspeita é que a contaminada tenha ocorrido durante o banho, por meio da água de um reservatório que abastecia a residência.
“Era uma criança de um ano e três meses que iniciou [no hospital] com febre, sintomas muito parecido com a amidalite ou com uma virose. A febre [da criança] era alta”, contou o secretário.
Segundo ele, a menina começou a apresentar vômitos e, com o tempo, desenvolveu sintomas neurológicos, incluindo rigidez na nuca. Infelizmente, ela não resistiu e faleceu. A necropsia revelou a presença da ameba Naegleria fowleri.
O que é a “ameba comedora de cérebro”?
A Naegleria fowleri, popularmente conhecida como “ameba comedora de cérebro”, está presente no mundo todo. O protozoário, no entanto, não resiste à água salgada. Nos Estados Unidos, a maioria das infecções é registrada em estados sulistas após exposição a banhos em lagos e rios.
Ela é a principal causadora da meningoencefalite amebiana primária, uma inflamação que ataca o cérebro e evolui rapidamente causando dores intensas, rigidez da nuca, vômitos e morte. A infecção quando uma pessoa entra em contato com água contaminada, e a ameba, ao entrar pelo nariz, alcança o cérebro. Ao não encontrar fontes de alimento, ela começa a atacar as células do cérebro.
De acordo com o Manual MSD, a doença evolui rapidamente, com sintomas iniciais como alterações no olfato ou paladar, dor de cabeça, rigidez no pescoço, náuseas e vômitos. Em poucos dias, o quadro passa a incluir confusão mental, convulsões e, se não for controlado, pode levar à morte.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de meningoencefalite amebiana primária é complicado, já que os sintomas iniciais podem ser semelhantes a outras condições. Os médicos geralmente realizam uma punção lombar para coletar uma amostra do líquido cefalorraquidiano e excluir outras possíveis causas de meningite.
No entanto, o Manual MSD explica que, apesar de ser uma ferramenta importante, a punção nem sempre detecta a presença das amebas. Para confirmar a infecção, outros exames laboratoriais, como a análise do material genético da ameba por PCR ou biópsia cerebral, podem ser necessários.
O tratamento é desafiador e, devido à alta taxa de mortalidade, não há um protocolo padrão. Os médicos costumam usar uma combinação de medicamentos antifúngicos e antibacterianos, mas os casos de sobrevivência são extremamente raros.
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