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Conheça alternativas ao ar-condicionado para refrescar a casa no calor


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

As fortes ondas de calor no país têm impulsionado o consumo de ar-condicionado, elevando a demanda por climatização em residências e escritórios, mas há alternativas que podem reduzir o consumo de energia e minimizar impactos ambientais sem comprometer o conforto térmico.

Para suportar as temperaturas acima de 39° C -que além de causar desconforto são um risco à saúde-, os brasileiros podem optar por ventiladores de teto e circuladores de ar, que favorecem a dissipação do calor, além de climatizadores evaporativos, que utilizam a umidificação do ar para reduzir a temperatura percebida.

Diferente do ar-condicionado, os climatizadores funcionam resfriando o ar por meio da evaporação da água. Eles consomem menos energia e aumentam a umidade do ambiente, tornando-se ideais para regiões secas. É possível encontrar o aparelho a partir de R$ 330. Enquanto o preço médio de um ar-condicionado fica em torno de R$ 1.400 e R$ 5.000.

O ventilador de teto é o mais barato e econômico -pode ser adquirido por menos de R$ 200- e tem a menor manutenção entre os aparelhos de refrigeração artificial. O circulador de ar tem função parecida e é ideal para espaços fechados, onde a ventilação natural é limitada. Ele custa a partir de R$ 100.

Assim como o ar-condicionado, climatizadores requerem manutenção regular, como a limpeza do reservatório de água e dos filtros. O ventilador também têm menor custo operacional devido ao baixo consumo de energia. Se usado por oito horas por dia, um aparelho com 100W de potência pode custar cerca de R$ 9 por mês. Metade do custo de um climatizador.

A escolha entre ventilador e climatizador deve levar em conta ainda as características do ambiente e as preferências pessoais. Em regiões onde a umidade do ar é alta, o ventilador é mais eficaz, pois promove a circulação do ar sem aumentar a umidade. Já para locais com baixa umidade, o climatizador além de ventilar, umidifica e resfria o ar.

No entanto, o ventilador de teto não consegue reduzir a temperatura do ambiente, apenas faz a circulação do ar, o que pode não ser suficiente em dias muito quentes. Além disso, ele pode gerar algum nível de ruído, dependendo do modelo e da potência.

Em imóveis onde o problema é o sol batendo diretamente na janela, persianas externas e películas refletivas atuam como barreiras térmicas. Assim como manter cortinas fechadas durante as horas mais quentes do dia pode reduzir significativamente a temperatura interna. Os valores de instalação dependem do metro quadrado e da localidade.

Para quem tem uma casa inteligente, sensores de temperatura podem acionar automaticamente janelas motorizadas, ventiladores, persianas e cortinas para otimizar a regulação térmica sem desperdício de energia.

Nos apartamentos, a orientação é abusar das saídas de ar e deixá-las livres. “Uma das principais questões atuais é o fechamento da sacada com vidros que, em muitos casos, não considera a passagem de ar e transforma o lugar em uma bolsa de ar quente, demandando o uso de ar-condicionado”, diz Raphael Wittmann, do escritório Rawi Arquitetura + Design.

Aberturas sob os caixilhos para facilitar a entrada de ar fresco ou basculantes sobre as portas que separam os cômodos das áreas de convivência são meios para deixar os espaços mais agradáveis do ponto de vista da temperatura.

Já se o imóvel estiver em construção ou houver intenção de reforma, a ventilação cruzada pode ser uma alternativa sustentável. O recurso utiliza aberturas posicionadas de forma estratégica para permitir a circulação natural do ar. Segundo o arquiteto, esse processo promove a eliminação do ar quente e a entrada de ar fresco.

As janelas posicionadas em lados opostos são o método mais usual e funcional. O ar fresco entra por uma delas, normalmente mais baixa, e sai pela outra, que pode ser mais alta. Quanto mais altas as saídas do ar quente, alinhadas ao forro ou à laje, mais efetivas para evitar a formação de bolsões de ar quente na parte superior, já que o ar frio tende a descer e o quente a subir, explica Wittmann.

Mas há algumas limitações para adotar a ventilação cruzada. A posição da casa no terreno, a proximidade com os vizinhos e a ausência de recuos laterais e posteriores nas residências são fatores restritivos.

“Mesmo nesses casos, existem alternativas que possibilitam estabelecer a troca de ar, por exemplo, pelo teto, como claraboias ou sheds. É o que se chama de efeito chaminé”, afirma o arquiteto.

O ar-condicionado realmente foi uma das invenções impactantes da vida moderna, do conforto. A gente ainda não encontrou uma alternativa tão eficiente.
professor de Engenharia Elétrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas

O uso de sombras e barreiras naturais também auxilia na redução do calor absorvido pelo imóvel. Assim como árvores estrategicamente posicionadas bloqueiam a incidência direta do sol. A instalação de telhados verdes e jardins verticais também pode auxiliar na redução da temperatura interna dos imóveis.

“O que acontece no Brasil é que usamos muito tijolo e telha de barro ou com compostos cimentícios, que esquenta e irradia calor”, afirma Marcos Amaral, professor de engenharia elétrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do campus de Campinas. A alternativa, diz, é usar recursos que criem uma proteção térmica.

Uma solução trazida da Europa é a instalação de um sistema de resfriamento de teto e piso. O processo geralmente é feito por meio de placas montadas em forros metálicos ou aplicadas sobre forros de gesso ou lajes de teto. Essas placas possuem tubos de cobre ou de plástico, onda a água gelada circula e resfria o teto. É o mesmo sistema utilizado para aquecer pisos, mas, nesse caso, a água esquenta no circuito.

O sistema não utiliza um compressor e pode ser integrado a sistemas de energia solar, gerando economia na conta de luz.

“É preciso contratar uma equipe especializada para fazer os cálculos e a instalação do sistema. Por custar mais caro, ele é geralmente utilizado em grandes projetos e específicos [como hospitais]”, afirma Arnaldo Basile, presidente-executivo da Abrava (associação do setor de refrigeração e ar-condicionado).

Da Europa também chega uma nova tecnologia, desenvolvida pela startup francesa Caeli Énergie, que dispensa o uso de gases refrigerantes e a necessidade de condensadora externa nos equipamentos como ocorre com o ar-condicionado.

O sistema do aparelho chamado de Caeli One se baseia na evaporação da água e no resfriamento do ponto de orvalho (temperatura na qual a condensação se forma naturalmente) para climatizar os ambientes, resultando em um consumo de energia até cinco vezes menor do que os aparelhos tradicionais, segundo a empresa.

Com 2,5 metros de altura e potência de 2 kW, o equipamento pode climatizar espaços entre 20 e 40 metros quadrados. Seu coeficiente de desempenho é até quatro vezes maior do que o dos sistemas convencionais, segundo a fabricante.

O produto está em fase de lançamento na Europa, sem previsão para disponibilização no Brasil, e o custo varia entre 2.500 e 3.000 euros (aproximadamente R$ 14 mil a R$ 18 mil), com a instalação.


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