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Construção do arranha-céu mais alto do mundo é retomada na Arábia Saudita

A construção da Jeddah Tower, na Arábia Saudita, que alcançará um quilômetro de altura e se tornará o arranha-céu mais alto do mundo quando concluída, foi retomada quase sete anos depois que o trabalho parou em meio a uma purga anticorrupção em todo o reino.

Em uma cerimônia realizada no local na última quarta-feira, o consórcio de desenvolvimento por trás do projeto, a Jeddah Economic Company (JEC), anunciou que a torre agora está programada para ser concluída em 2028.

O arranha-céu de 1.000 metros (3.280 pés) estava cerca de um terço concluído quando, em 2017, várias figuras-chave — incluindo os presidentes do principal contratante e de um conglomerado que cofinanciou o projeto — foram detidas na campanha anticorrupção do Príncipe Herdeiro Mohammed bin Salman, que levou centenas a serem interrogadas sob acusações de corrupção.

O trabalho continuou após as prisões, embora tenha parado no início de 2018. Em janeiro daquele ano, com a crescente preocupação sobre as repercussões econômicas da purga, a JEC informou à CNN que a construção ainda prosseguiria, mas um hiato de anos se seguiu. A interrupção causada pela pandemia de Covid-19 também atrasou os planos de retomar o trabalho.

A cerimônia desta semana contou com a presença de um dos oficiais anteriormente detidos, o Príncipe Saudita Alwaleed bin Talal, que é o presidente da Kingdom Holding Company, um dos principais apoiadores do projeto. Alwaleed, primo do Príncipe Herdeiro, foi libertado quase três meses após sua prisão, embora não se saiba por que e em que circunstâncias ele foi liberado.

Após a cerimônia de ontem, Alwaleed postou um vídeo no X (o antigo Twitter) mostrando uma representação digital da torre reluzente com a legenda: “Estamos de volta”.

Projeção da Jeddah Tower, na Arábia Saudita, que alcançará 1 km de altura
Projeção da Jeddah Tower, na Arábia Saudita, que alcançará 1 km de altura • Jeddah Economic Company

Outra figura-chave envolvida na campanha anticorrupção foi Bakr bin Laden, presidente do principal contratante do arranha-céu, o Saudi Binladen Group. O magnata da construção, que é meio-irmão de Osama bin Laden, foi supostamente liberado em 2021, três anos após sua prisão. A empresa da família, que também possui uma participação no projeto da Jeddah Tower, foi recontratada para concluir as obras.

De acordo com um anúncio publicado via a bolsa de valores saudita, o novo contrato do Saudi Binladen Group é no valor de 7,2 bilhões de riais (1,9 bilhão de dólares), dos quais cerca de 1,1 bilhão de riais (290 milhões de dólares) já foram pagos por trabalhos concluídos. Atualmente, 63 dos 157 andares da torre foram construídos.

Embora a cerimônia de quarta-feira tenha marcado o primeiro anúncio oficial de que a construção está sendo retomada, imagens de satélite fornecidas à Newsweek pela empresa americana Maxar Technologies há dois meses sugeriram que o trabalho já estava ocorrendo no local. Em setembro de 2023, a revista MEED, com sede em Dubai, relatou que a JEC havia convidado contratantes a licitar para o projeto, embora o desenvolvedor tenha se recusado a confirmar os planos à CNN na época.

Projetado para extremos

Antigamente conhecido como Kingdom Tower, o arranha-céu teve seu início em 2013 e inicialmente deveria ser concluído até 2020. Ele será mais de 500 pés (cerca de 152 metros) mais alto que o Burj Khalifa, atualmente o edifício mais alto do mundo.

Com vista para o Mar Vermelho na capital comercial da Arábia Saudita, Jeddah, espera-se que o arranha-céu contenha espaço para escritórios, varejo e residências. Os planos originais, apresentados pela primeira vez em 2011, incluíam um hotel, um shopping center e o deck de observação mais alto do mundo.

A Kingdom Holding Company não respondeu ao pedido da CNN para confirmar se o design e as especificações de construção permaneceram inalterados durante o hiato.

A torre foi projetada pelo arquiteto americano Adrian Smith, que usou a planta “em três pétalas” e a forma aerodinâmica afinada do edifício para superar os enormes desafios técnicos de construir em tais alturas. O escritório de arquitetura de Smith, Adrian Smith + Gordon Gill, afirmou que a forma da torre “evoca um feixe de folhas surgindo do chão”.

Os planos também incluem 59 elevadores diferentes, em que a empresa chamou de “um dos sistemas de elevadores mais sofisticados do mundo”.

Adrian Smith + Gordon Gill não responderam ao pedido da CNN para comentar sobre a retomada do trabalho.

A Jeddah Tower será a joia da coroa de um desenvolvimento maior de 57 milhões de pés quadrados, avaliado em 20 bilhões de dólares, denominado Jeddah Economic City. Em entrevista à CNN em 2018, o então diretor de desenvolvimento da JEC, Hisham Jomah, disse que o projeto estava “mudando a mentalidade” de Jeddah, que tradicionalmente atuou como uma porta de entrada para as cidades sagradas de Medina e Meca.

“Antes (da torre) estar aqui, este não era considerado um lugar onde as pessoas viveriam”, disse Jomah, que já faleceu. “Estamos criando uma cidade independente… para que você não precise sair daqui.”

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