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De desmatamento a aquecimento: como o Brasil impacta o clima global

Ao sediar a COP30 em Belém, capital do Pará, entre 10 e 21 de novembro, o Brasil assume um papel de protagonismo na agenda climática. O evento reunirá na Amazônia brasileira alguns dos principais líderes globais para discutir novos esforços para frear o aquecimento global e suas consequências.

No entanto, não é apenas por receber a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima que nosso país ganha destaque: o Brasil é o maior detentor de área de florestas tropicais no mundo graças à Amazônia – bioma que exerce influência no clima do mundo todo.

“A Amazônia tem uma importância fundamental para o clima do mundo porque ela tem um papel de grande reservatório de carbono (um dos principais gases de efeito estufa), que está armazenado nas plantas”, explicou Pedro Luiz Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP.

“As chuvas que vêm da região amazônica se distribuem para a região central do Brasil, descem até o Paraguai, o Rio Grande do Sul, o Uruguai, chegam até o norte da Argentina”, disse Côrtes. “Estima-se que caso nós não tivéssemos a floresta amazônica, a temperatura global poderia subir ainda mais. Ou seja, ela acaba funcionando como um grande ar condicionado mundial.”

A estrategista de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Pamela Gopi, também destacou a importância do bioma: “A Amazônia atua como um ‘pulmão do mundo’, absorvendo grandes quantidades de dióxido de carbono e liberando oxigênio. Além de ser responsável pelos ‘rios voadores’, grandes volumes de vapor d’água que se formam sobre a floresta e se deslocam pelo ar, levando umidade para outras regiões do Brasil e da América do Sul.”

Mas com uma floresta de tamanha importância, também vem uma grande responsabilidade, já que a degradação da Amazônia afeta diversos territórios.

“O desmatamento é onde a gente é mais cobrado historicamente, e não só na Amazônia, mas no Cerrado, nos outros biomas também. E o Brasil tem um papel-chave aqui, porque é um país que tem um desmatamento muito elevado”, ressaltou Alexandre Prado, líder de mudanças climáticas do WWF-Brasil.

Transição energética

Além da Amazônia, o Brasil também se destaca pelo exemplo ao adotar uma matriz energética majoritariamente limpa, em um momento em que o mundo todo precisa fazer essa transição com urgência.

“É um país que tem muito a mostrar e a ganhar numa economia de baixo carbono”, acrescentou Prado.

Mesmo assim, ainda possuímos desafios a serem superados: o Brasil é o sexto país que mais emite gases de efeito estufa no mundo. Segundo Bocuhy, a posição no ranking se deve às “emissões com queima de combustíveis fósseis, mas principalmente em função das emissões com queimadas e do rebanho bovino”.

Além disso, o país continua com planos de continuar a explorar, consumir e exportar combustíveis fósseis, como o petróleo. “Isso representa uma meta crescente de financiar uma matriz que está na contramão da sustentabilidade global”, acrescentou Bocuhy.

COP 30: entenda o papel do Brasil e da Amazônia na agenda climática

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