Desarmonização facial pode ser difícil, dolorosa, causar reação alérgica e flacidez
VITOR HUGO BATISTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A busca pela harmonização facial trouxe à tona um novo fenômeno: a desarmonização facial. Artistas e influenciadores como Scheila Carvalho, Gkay e Lucas Lucco decidiram reverter procedimentos estéticos que tiveram resultados indesejados com o ácido hialurônico, principal ingrediente para dar mais volume e contorno ao rosto.
No entanto, reverter esse processo pode ser difícil, doloroso e causar reações alérgicas graves, além de flacidez, principalmente entre os que fizeram preenchimentos em excesso. Isso porque, para desarmonizar, é necessário o uso de uma enzima chamada hialuronidase, que dissolve o ácido hialurônico.
“Essa enzima pode ter efeitos colaterais, como qualquer medicação injetável”, alerta o cirurgião plástico Luís Maatz, membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e especialista na área pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
Um dos principais riscos associados à hialuronidase são as reações alérgicas. “É muito mais comum ter uma reação alérgica à hialuronidase do que ao ácido hialurônico, que raramente causa alergias”, explica.
Além disso, a aplicação da hialuronidase pode ser levemente dolorosa e causar desconforto ao paciente, como um inchaço exagerado da área, que desaparece em alguns dias.
Quando o uso do ácido hialurônico é excessivo, a reversão também pode não restaurar totalmente a aparência original do rosto.
“Se você faz injeções repetidas com grandes volumes, acaba esticando a pele. Quando o efeito do produto diminui ou quando é aplicada a hialuronidase, pode ocorrer uma flacidez secundária”, afirma.
Essa flacidez é especialmente observada em áreas como os lábios. Para tratar, existem algumas opções, como bioestimuladores de colágeno, substâncias biocompatíveis que, ao serem absorvidas pelo corpo, estimulam a produção de colágeno na pele, ajudando a dar mais firmeza.
Outras opções incluem tecnologias como laser e microagulhamento, que também promovem a produção de colágeno. Já em casos mais graves de excesso de pele, procedimentos cirúrgicos, como lifting facial, podem ser necessários.
Para evitar a necessidade de uma reversão de procedimentos estéticos, Maatz recomenda buscar um cirurgião plástico ou dermatologista que esteja devidamente inscrito nas sociedades brasileiras de cirurgia plástica e de dermatologia.
Também é importante verificar se o profissional possui experiência com o tipo de procedimento desejado e se a visão estética é coerente com as expectativas do paciente.
Além do ácido hialurônico, existem outros materiais utilizados em procedimentos de preenchimento facial, como o PMMA (polimetilmetacrilato) e o hidrogel. No entanto, esses produtos apresentam riscos significativamente maiores.
“O hidrogel já foi praticamente retirado de circulação, porque a Anvisa o proibiu há alguns anos. Já o PMMA ainda é comercializado, mas vemos muitas complicações com seu uso”, explica o cirurgião plástico.
Ao contrário do ácido hialurônico, que é um produto biocompatível, ou seja, é absorvido pelo corpo ao longo do tempo, o PMMA não é completamente absorvido, o que pode levar a reações inflamatórias ou infecciosas crônicas.
“É praticamente impossível retirar completamente o PMMA, porque ele permeia todos os tecidos onde foi injetado. Quando isso acontece, o paciente pode desenvolver inflamações repetidas e formação de abscessos, causando sequelas permanentes”, alerta.
Apesar dos riscos associados a alguns procedimentos estéticos, com avanços de técnicas e o uso de materiais biocompatíveis, como o ácido hialurônico, é possível alcançar resultados satisfatórios e seguros.
“É importante usar o bom senso. Grandes volumes aplicados em um único procedimento têm uma maior chance de levar ao arrependimento. Portanto, comece com pequenas mudanças e progrida conforme a necessidade e o desejo”, aconselha.