Desinformação pode aumentar risco de nova pandemia, diz relatório
Um relatório desenvolvido pelo Quadro Global de Monitoramento de Preparação (GPMB), uma iniciativa apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Banco Mundial, rastreou os principais fatores de risco para uma nova pandemia. Segundo o documento, a desinformação é um dos aspectos que podem aumentar a ameaça de um novo surto global causada por um vírus ou bactéria.
De acordo com o relatório, lançado na 15ª Cúpula Mundial da Saúde, em Berlim, na Alemanha, a comunicação eficaz pode ser vital durante pandemias para informar o público e orientar o comportamento para mitigar a propagação de doenças.
No entanto, a rápida disseminação de desinformação e fake news, potencializadas pelas redes sociais, principalmente, podem levar à “infodemia“, um fenômeno caracterizado pela grande quantidade de informações, tanto precisas quanto imprecisas, podendo causar confusão na população.
“Durante a pandemia de Covid-19, a desinformação se espalhou globalmente, dificultando a adoção de comportamentos de proteção e minando a adesão às medidas de saúde pública. Ela alimentou pânico, angústia mental e polarização social, exacerbada por algoritmos de mídias sociais que amplificaram câmaras de eco e a estigmatização”, diz o documento.
“As estratégias para mitigar os danos causados pela infodemia ainda estão em seus estágios iniciais, mas certamente exigirão esforços de longo prazo para construir e manter a confiança nas autoridades de saúde e na ciência, bem como estruturas regulatórias claras que deem prioridade à saúde pública e à preservação da coesão social. Essas medidas são necessárias muito antes de futuras crises”, acrescenta.
Aspectos sociais, econômicos, políticos, climáticos e tecnológicos estão entre os fatores de risco
No total, o relatório descreve 15 principais impulsionadores do risco de uma nova pandemia, caracterizados em cinco grupos distintos: social, tecnológico, ambiental, econômico e político.
Falta de confiança entre e dentro dos países, desigualdade social, agricultura intensiva e a mobilidade global, incluindo a movimentação de seres humanos e animais para diferentes regiões do globo, estão entre as principais ameaças descritas no relatório.
O documento também identifica novos riscos fora dos fatores de saúde tradicionais. A conectividade digital, por exemplo, permitiu que cientistas sequenciassem e compartilhassem rapidamente dados de patógenos e adaptassem respostas cada vez mais rápido, segundo o relatório.
No entanto, essa pegada digital deixa os sistemas de saúde e as sociedades expostos. Ataques cibernéticos, ameaças maiores à biossegurança e a rápida disseminação de desinformação aumentam o risco de uma pandemia, na visão dos autores.
“A próxima pandemia não vai esperar que aperfeiçoemos nossos sistemas”, afirma Joy Phumaphi, copresidente do GPMB e ex-Ministra da Saúde de Botsuana, em comunicado. “Devemos investir agora em sistemas de saúde primários resilientes e equitativos para enfrentar os desafios de amanhã.”
Preparação para pandemias futuras devem abranger saúde humana, animal e ambiental
O relatório também lista e enfatiza estratégias de preparação para futuras pandemias que devem ser realizadas pelas diferentes nações. De acordo com o documento, “a disposição de criar flexibilidade na resposta, proteger a sociedade proativamente e investir em esforços colaborativos pode reduzir significativamente o risco e aumentar a preparação”.
Os autores do relatório afirmam que todas as nações devem fortalecer seus sistemas de saúde, priorizar a proteção social e garantir que serviços essenciais de saúde estejam disponíveis para todas as comunidades, particularmente as mais vulneráveis e desfavorecidas.
Além disso, a preparação deve incorporar estratégias que abranjam as interfaces de saúde humana, animal e ambiental. O relatório pede maior colaboração entre setores para mitigar riscos associados a pandemias, reconhecendo que a saúde de um setor está intrinsecamente ligada à saúde de outros.
“Temos uma estreita janela de oportunidade para repensar a preparação global: avaliar riscos que se estendem muito além do setor de saúde e abordar alguns deles de forma muito mais proativa, de uma forma que seja adaptada a cada contexto”, afirma Kolinda Grabar-Kitarović, copresidente do GPMB e ex-presidente da Croácia, no comunicado.
“Vigilância, adaptabilidade e colaboração devem definir nossa preparação agora, para que isso seja incorporado à resposta”.
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