Dicas e recomendações para evitar acidentes elétricos
Nesse período chuvoso os riscos de choques elétricos em áreas urbanas aumentam. Segundo a Neoenergia, é essencial que a população faça revisão periódica das instalações elétricas dos imóveis para prevenir curto-circuitos, queima de eletrodomésticos e até incêndios. O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), registrou esse ano, entre janeiro e novembro, 153 ocorrências envolvendo choques elétricos.
Conforme a Tenente Letícia Medeiros do CBMDF, para evitar acidentes elétricos, é recomendado observar em primeiro lugar, o ambiente, para ver se há fios desencapados ou emendados. “No ambiente interno, deve ser evitado o uso desses Benjamins (conhecidos como “T”), para ligar vários aparelhos no mesmo ponto. Mas se não for possível, a pessoa deve usar o filtro de linha de tomada, por ter um fusível que desliga quando há sobrecarga na régua”, comentou.
De forma geral, Medeiros recomenda que as pessoas não toquem nesses postes de transição de energia, postes metálicos que são chamados de poste padrão, para se prevenir em relação ao contato com algum fio que não esteja bem conectado ou isolado, o que pode causar um risco grande de choque elétrico. “É indicado andar sempre calçado em casa, evitar manusear equipamentos elétricos descalços ou com o piso molhado”.
Outra recomendação da tenente é que as pessoas evitem deixar o carregador do celular pendurado na tomada, pois este pode ter uma sobrecarga. “Além do que, esse hábito também aumenta o risco de incêndio nas edificações”.
Caso a pessoa presencie um acidente envolvendo energia elétrica, a tenente indica que a primeira providência a tomar é ligar para o 193. “Se tiver mais de uma pessoa, melhor ainda, porque enquanto faz a ligação para os socorristas, a outra pode tentar afastar o fio energizado com materiais isolantes, como um pedaço de madeira, plástico, borracha”, citou. Outros exemplos de objetos que não conduzem eletricidade são o cabo de PVC e a vassoura seca.
A tenente alerta que em caso de acidente elétrico, nunca tocar num acidentado sem nenhuma proteção dessas citadas. Letícia explicou que ao tocar em alguém que foi atingido por uma descarga elétrica, a pessoa absorverá a descarga também.”É preciso ter esses cuidados de usar materiais isolantes para afastar a vítima dessa descarga ou retirar a fonte de energia de perto da vítima”.
Temporada de chuva
O professor de engenharia do Centro de Ensino Universitário de Brasília (CeuB), Luciano Duque, disse que o risco de choque elétrico não é somente no período chuvoso. “O que acontece com a chuva é que o solo está mais molhado e isso provoca uma condução mais rápida da corrente elétrica”. Caso uma pessoa toque uma estrutura energizada com o solo úmido, a corrente flui com mais facilidade pelo corpo, aumentando o risco de morte.
Em dias de chuva, o engenheiro aconselha evitar caminhar perto de postes sem calçado adequado. “O tênis pode oferecer alguma proteção, mas o ideal é não encostar em postes de iluminação ou energia, pois não sabemos se há falhas de manutenção que possam causar eletrificação”.
O especialista apontou para a importância dos moradores fazerem uma revisão elétrica que atenda as normas técnicas. “Por exemplo, nós temos uma norma chamada ABNT NBR 5410 que estabelece que todas as residências devem possuir um sistema de aterramento com a função de proteger contra choques elétricos por contato indireto”.
A norma também estabelece que em todas as residências devem ser instalado um dispositivo conhecido como disjuntor da corrente diferencial, que protegerá as pessoas de contato direto e indireto com choques elétricos. Luciano acredita que as instalações residenciais são precárias no Brasil inteiro, não só no DF. “As normas não são seguidas e acidentes elétricos acontecem com frequência no período chuvoso”.
Manutenção periódica
Como a sobrecarga de energia gerada pela excessiva quantidade de equipamentos conectados a um “T” ou as extensões, são provocados curtos-circuitos e até incêndios. A Neoenergia Brasília reforça a necessidade de moradores e proprietários realizarem a manutenção preventiva das instalações elétricas. Essa medida é essencial, principalmente no período chuvoso, quando as paredes podem apresentar infiltrações e danificar o cabeamento, atingindo os eletrodomésticos.
“É importante fazer a revisão periódica nas instalações elétricas das residências para que possamos evitar acidentes com pessoas e danos materiais. A qualidade das instalações elétricas e a condição dos equipamentos precisam ser vistas. Se eles estão em bom funcionamento, não estão dando choque e estão bem acondicionados”, reforçou Arthur Franklin, gerente da Neoenergia Brasília. Segundo Franklin, é preciso verificar se a tomada ou interruptor, por exemplo, está em uma parede molhada ou com infiltração para que se evite um choque.
A instituição frisou que esse tipo de manutenção deve ser feita por um profissional treinado e habilitado para que não ocorram acidentes de nenhuma natureza. A identificação antecipada de possíveis problemas com a rede elétrica pode ser efetuada por esse especialista. Ele deve verificar o dimensionamento dos cabos, circuitos, sistema de aterramento, equipamentos de proteção e se os condutores elétricos da edificação estão de acordo com as normas regulamentadoras brasileiras.
O engenheiro eletricista Robson Oliveira Rodrigues, 48 anos, faz manutenção de energia elétrica e observou que essa prática só é procurada pelas pessoas depois que os defeitos viram necessidade ou causam acidentes. “A manutenção preventiva nunca é executada. Não existe nenhum planejamento em 95% das residencias”.
O profissional acrescentou que somente os condomínios procuram se prevenir fazendo a revisão. “Quando desperta nos sindicatos o sentimento de preocupação com o coletivo”. Para Robson a revisão periódica de um sistema elétrico, tanto o residencial, quanto o comercial, deveria ser algo rotineiro. “Assim como fazemos a revisão de nossos carros, a revisão do sistema elétrico deveria ser programada”, finalizou.