Doenças vasculares: problema é mais frequente nas altas temperaturas
O aumento das temperaturas traz consigo riscos adicionais à saúde cardiovascular, principalmente no que diz respeito às doenças vasculares.
O calor excessivo pode provocar um efeito direto sobre a circulação sanguínea, agravando condições como trombose, AVC e insuficiência venosa. Pessoas em grupos de risco, como idosos, hipertensos e diabéticos, são particularmente vulneráveis, precisando adotar cuidados extras para evitar complicações sérias.
Com a chegada do verão e as frequentes ondas de calor, especialistas alertam para a necessidade de monitoramento constante e medidas preventivas. A desidratação, dilatação dos vasos e aumento da frequência cardíaca são fatores que podem sobrecarregar o sistema circulatório, elevando os riscos de eventos cardiovasculares.
Por que o calor aumenta os casos de doenças vasculares?
De acordo com a cardiologista Márcia Lopes, do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), no Rio de Janeiro, a desidratação é uma das principais causas do aumento dos casos de doenças vasculares durante o calor extremo. “Com a perda de líquidos pela transpiração e a falta de reposição adequada, o sangue se torna mais espesso, dificultando sua circulação. Isso aumenta a chance de formação de coágulos, elevando o risco de trombose e AVC”, explica a médica.
Além disso, o calor provoca a dilatação dos vasos sanguíneos, resultando em uma queda na pressão arterial. “Para compensar essa queda, o corpo aumenta a frequência cardíaca, o que pode sobrecarregar o coração, principalmente em pessoas com doenças coronarianas”, afirma Lopes. Pacientes cardiopatas, diabéticos e idosos estão entre os mais afetados, devido à menor capacidade de adaptação ao calor e à tendência de desidratação mais rápida.
Sintomas de alerta e como agir rapidamente
Os sinais de que a circulação sanguínea pode estar comprometida variam, mas alguns sintomas comuns devem ser observados com atenção. Lopes destaca alguns deles: “Dores fortes nas pernas associadas a inchaço e sensação de calor podem indicar trombose. Já sintomas como tontura, confusão mental, dificuldade para falar ou fraqueza em um dos lados do corpo podem sugerir um AVC. Em qualquer um desses casos, é fundamental procurar atendimento médico de urgência.”
Caio Focassio, cirurgião vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, reforça a importância de identificar os sinais precocemente. “A trombose venosa profunda, por exemplo, é uma condição séria que ocorre quando um coágulo se forma nas veias profundas. Os sintomas incluem dor intensa, inchaço e vermelhidão na região afetada. No caso da insuficiência venosa, o calor pode agravar o quadro, provocando inchaço, dor e sensação de peso nas pernas”, alerta o especialista.
Prevenção e cuidados durante o calor
A prevenção de problemas vasculares durante o calor envolve medidas simples, mas eficazes, como manter-se hidratado e evitar a exposição ao sol nos horários mais quentes do dia. “Beber bastante água ao longo do dia é fundamental, mesmo que a pessoa não sinta sede”, orienta Lopes. “Evitar a exposição ao calor extremo, usar roupas leves e buscar locais frescos e ventilados também são formas de minimizar os riscos.”
O uso de meias de compressão é outra recomendação importante, especialmente para pessoas com histórico de insuficiência venosa. “A compressão elástica ajuda a melhorar o fluxo sanguíneo e a reduzir o inchaço nas pernas”, explica Focassio.
Ele também reforça a necessidade de realizar atividades físicas regulares, como caminhadas e exercícios aeróbicos, que estimulam a circulação e fortalecem os músculos da panturrilha, considerados essenciais para o retorno venoso.
Grupos de risco devem redobrar a atenção
Idosos, hipertensos e diabéticos precisam de cuidados redobrados durante o calor. “Esses grupos apresentam maior dificuldade em regular a temperatura corporal, o que aumenta o risco de desidratação e sobrecarga cardiovascular”, afirma Lopes. “Além disso, o calor pode interferir na ação da insulina em diabéticos, provocando flutuações perigosas nos níveis de glicose.”
Para esses pacientes, a avaliação médica regular e o controle rigoroso das condições de saúde são fundamentais para evitar complicações graves. “Monitorar a pressão arterial, manter a hidratação e evitar a exposição prolongada ao sol são atitudes que podem fazer a diferença”, conclui Lopes.
Ao identificar os primeiros sinais de alerta, como dores, inchaço ou dificuldade respiratória, é crucial buscar atendimento médico o mais rápido possível. O tratamento precoce pode evitar desfechos graves e garantir uma melhor qualidade de vida, mesmo durante os períodos de calor extremo.
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