Política

Filha diz que é falsa assinatura de médico em suposto laudo divulgado por Marçal

A analista de sistemas Carla Maria de Oliveira e Souza, filha do médico hematologista José Roberto Souza, afirmou à CNN que a assinatura que consta no suposto laudo divulgado por Pablo Marçal (PRTB) não é do pai dela, já morto.

O documento divulgado pelo candidato do PRTB no Instagram na noite de sexta-feira (4) relatava uma suposta internação do candidato Guilherme Boulos (PSOL), e mostrava que ele estaria em surto psicótico por uso de cocaína. Carla afirmou que a assinatura no documento não era de seu pai.

“Aquilo é uma folha que qualquer um pode imprimir. Colocaram o CRM do meu pai e uma assinatura que não é a dele. Pode procurar em qualquer documento oficial”, disse.

O caso da assinatura foi revelado pela jornalista Malu Gaspar, do jornal “O Globo”, e confirmado pela CNN, que conversou com a filha do médico.

Carla contou que, durante a madrugada, por volta das 3h30, foi acordada por um oficial de Justiça, que chegou ao condomínio dela em Valinhos, no interior de São Paulo. Por estar acamada, ela não pôde recebê-lo pessoalmente, mas conversou com ele por meio de mensagens no WhatsApp.

O documento enviado pelo oficial de Justiça, segundo Carla, continha erros de português e não passava de um “papel tosco”, segundo a filha do médico.

“Não dá pra chamar de documento. Era uma folhinha escrito receituário e o cara fazendo encaminhamento para um psiquiatra porque o paciente estava em um surto psicótico”, afirmou.

A filha do médico também descreveu um erro de gramática no suposto laudo. “Estou acamada, mas a minha cognição está ótima. Estava escrito Guilherme Castro Boulos, por ‘minha’ atendido”, apontou.

Carla também lamentou a situação, lembrando a carreira do pai: “É triste a gente se ver envolvido numa situação dessas. Meu pai era hematologista e trabalhou a vida inteira em Campinas atendendo crianças com leucemia. Não sei como o dono da clínica pegou o CRM dele”, concluiu.

“É triste a gente se ver envolvido numa situação dessa. O meu pai era hematologista e trabalhou a vida inteira em Campinas. Ele iniciou a medicina em Campinas cuidando de crianças com leucemia há muito tempo (anos 70). Não sei como que o dono da clínica pegou o CRM dele.”

Polícia Federal investiga

A Polícia Federal abriu uma investigação neste sábado (5) para apurar suposto laudo médico. Mais cedo, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) havia ordenado que Marçal (PRTB) tirasse de suas redes sociais vídeos em que fazia referência ao laudo sobre Boulos.

Segundo Boulos, o dono da clínica que emitiu o laudo sobre Boulos, Luiz Teixeira da Silva Junior, seria um apoiador de Marçal e teria falsificado o documento. Teixeira foi condenado, em 2020, a dois anos e quatro meses de prisão por falsificação de documentos.

O candidato do PSOL afirmou que, no dia posterior ao que consta no prontuário médico, estava na Comunidade do Vietnã, na zona sul, “fazendo distribuição de cesta básica”.

CNN entrou em contato com a campanha de Marçal e com Luiz Teixeira para comentar a decisão deste sábado e aguarda retorno.

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