Gasto com Previdência é obrigatório, e ministério não tem o que cortar, diz Lupi
VICTORIA AZEVEDO E ANA POMPEU
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira (5) que a discussão de corte de gastos feita pelo governo não passa pela pasta que ele chefia. De acordo com ele, as despesas da área são obrigatórias e não podem ser cortadas. Além disso, ele disso ser contra reduzir a política de valorização do salário mínimo.
“O Ministério da Previdência não tem o que cortar porque as despesas são obrigatórias. Pagamento de aposentado, de pensões, de pensionistas, BPC são constitucionais, já previstos no Orçamento.”
Lupi afirmou que, no caso da Previdência, a medida é de eficiência na administração pública. Segundo ele, não há previsão exata sobre quantos serão os aposentados e os pensionistas nos próximos anos.
“A discussão é dar direito a quem tem direito, mas não deixar quem não tem direito e erradamente conseguiu isso permanecer com esse direito. Então nós estamos trabalhando com muita tranquilidade nesse sentido”, disse.
Ministros e área técnica da Casa Civil se reuniram para a continuidade das tratativas sobre corte de gastos. Além de Lupi, Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Esther Dweck (Gestão e Inovação) debateram o tema.
Na segunda (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, no Palácio do Planalto, a equipe econômica e ministros para tentar definir as linhas gerais do pacote de corte de gastos. Haddad declarou que as medidas do pacote de corte de gastos estavam adiantadas “do ponto de vista técnico” e mostrou otimismo quanto ao desfecho das discussões nos próximos dias.
Na semana passada, Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) ameaçou pedir demissão se o governo mexesse em alguns dos temas de sua pasta sem a sua participação, em particular no seguro-desemprego e no abono salarial. A Fazenda informou após o encontro que seguiria se reunindo com ministérios que podem ser afetados pelos cortes nos gastos.
Haddad cancelou uma viagem internacional e voltou a Brasília, para “se dedicar a temas domésticos”, de acordo com uma nota do Ministério da Fazenda divulgada no domingo (3). A mudança de planos atendeu a um pedido do presidente Lula, segundo a pasta. Inicialmente, o ministro cumpriria agenda na Europa, passando por França, Reino Unido, Alemanha e Bélgica.
A decisão de permanecer no Brasil ocorreu após estresse do mercado financeiro com a demora do anúncio das medidas de corte de gastos, que elevou as incertezas fiscais sobre a sustentabilidade da dívida pública num cenário de alta dos juros no Brasil.