Hezbollah perde moral e perfil de resistência após ataques de Israel, diz professor à CNN
O Hezbollah, grupo terrorista libanês, está enfrentando uma significativa perda de seu perfil de resistência após os recentes ataques de Israel que culminaram com a morte de seu líder, segundo o professor de Sociologia da UFRJ Michel Gherman. Em entrevista ao Agora CNN, o especialista analisou a atual situação no Oriente Médio e as implicações para o grupo.
De acordo com Gherman, o Hezbollah está passando por um momento de desorganização sem precedentes.
“A infiltração dos serviços secretos de Israel nas fileiras do Hezbollah é de tal ordem que não foi apenas a perda absolutamente inédita de lideranças e comandantes que marcaram a situação”, afirmou o professor.
Desmoralização e perda de status
O especialista destacou que, além das perdas materiais e humanas, o Hezbollah está sofrendo uma “perda de moral” e de seu perfil de resistência, que até então justificava um certo respeito na sociedade libanesa, mesmo entre setores não diretamente ligados ao grupo.
Gherman ressaltou a eficácia das operações de inteligência israelenses: “Está claro que o serviço secreto de Israel tem conseguido, de maneira muito radical, se infiltrar nas fileiras do grupo, tendo condições de fazer esses ataques que, de maneira muito definitiva, desmobilizaram o Hezbollah”.
Cenário de incerteza
Quanto aos próximos passos do conflito, o professor adotou uma postura cautelosa. “É difícil fazer qualquer previsão do que vai acontecer agora. Me parece mais responsável dizer que a gente não sabe o que vai acontecer”, ponderou.
Gherman também abordou a possibilidade de envolvimento direto do Irã no conflito. Segundo ele, o cenário é incerto, mas há indícios de que o Irã possa estar priorizando seus próprios interesses internos e negociações internacionais, como possíveis avanços nas conversas com os Estados Unidos sobre o acordo nuclear.
O professor concluiu ressaltando o momento delicado: “A situação é de espera, mas é muito claro que tem uma desmoralização de um lado e um sentimento de vitória do outro”.
Esta análise sugere um possível realinhamento das forças na região, com implicações significativas para o equilíbrio de poder no Oriente Médio.