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Humberto Carrão se inspirou no avô para viver mateiro em Pasárgada

O filme Pasárgada, dirigido e protagonizado por Dira Paes, marcando a estreia da atriz na direção, chega nesta quinta-feira (26/9) aos cinemas. Premiado no Festival de Gramado com o troféu de Melhor Desenho de Som, o longa chega com uma narrativa imersiva e sensorial, explorando as nuances da vida de Irene, uma mulher que se isola na floresta tropical para realizar um trabalho de mapeamento de pássaros.

Com ambientação no Arraial do Sana, no Rio de Janeiro, o filme traz Humberto Carrão no papel de Manuel, um jovem mateiro que guia Irene durante sua jornada, conduzindo-a a um reencontro consigo mesma e com a natureza.

Durante a pandemia, Dira Paes encontrou inspiração ao se isolar entre as montanhas da Mata Atlântica, experiência que resultou na criação de Pasárgada. O filme trata da conexão com a natureza, da importância da preservação e do impacto do tráfico de animais silvestres no Brasil. Segundo dados mencionados pela cineasta, 80% dos animais contrabandeados no país são pássaros, o que despertou ainda mais o desejo de abordar o tema.

Em entrevista ao Metrópoles, Humberto Carrão compartilhou detalhes sobre a construção do personagem Manuel, revelando que a relação com a natureza foi um ponto chave para dar vida ao papel.

“Esse personagem, ele é a natureza”, diz Carrão, destacando como as gravações durante a pandemia o aproximaram do verde e das suas memórias pessoais. “Me lembrei do meu avô, que sabia tudo de passarinho, de árvore, de fruta. Ele era exatamente essa figura como Manuel”.

A conexão com a natureza foi mais do que uma performance para Carrão. Ele mergulhou profundamente na rotina do local onde as gravações aconteceram, aprendendo com Ciça, um morador da região e referência no manejo da floresta. “Ciça é muito poderoso, sabe muito bem das coisas. Ao mesmo tempo, é uma figura que muitas vezes se retrai, um olhar para baixo, mas poderoso”, contou o ator, refletindo sobre como essas características moldaram sua interpretação de Manuel.

Direção de Dira Paes

Sobre a experiência de ser dirigido por Dira, Carrão descreveu como um privilégio poder observar a transformação da atriz em cineasta.

“A Dira já viu muita coisa, passou por muitos processos. Ela sabe do que gosta, sabe o que quer”, elogiou. A dinâmica entre os dois personagens, Irene e Manuel, é central para a trama. A convivência deles na floresta faz com que ambos enfrentem dilemas pessoais, enquanto são confrontados pelos sons e a vida selvagem ao redor.

O desenho de som, premiado em Gramado, é um dos elementos mais comentados do filme. Para Carrão, esse convite ao”silêncio” e à “contemplação” é o que torna Pasárgada um filme único. “Acho que esse filme tem esse convite a um outro tempo, né? A gente vive hiper estimulado o tempo inteiro e querendo falar muito também. Acho que é um filme que convida a gente ao silêncio”, garantiu.

O filme, que também conta com Cássia Kis, Peter Ketnath e Ilson Gonçalves no elenco, chega aos cinemas num momento em que as questões ambientais são urgentes. Carrão comentou sobre a coincidência do lançamento com as recentes queimadas e a crise climática.

“A gente fez muito mal para esse lugar. Essas queimadas são uma tristeza, uma loucura”, desabafou, destacando que o filme serve como um convite para refletir sobre a responsabilidade humana com o planeta.

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