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IA no Design: Nova Legislação Pode Impactar Mercado de Trabalho


O Projeto de Lei 2775/24, que propõe alterações na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) para regular o uso de dados no treinamento de sistemas de Inteligência Artificial, deve trazer mudanças significativas para profissionais que trabalham com tecnologia e design. A proposta, que tramita na Câmara dos Deputados, surge em um momento de transformação acelerada do mercado de trabalho que usa IAs para conteúdo.

“A IA está realmente revolucionando o design, porque está permitindo aos designers automatizar tarefas repetitivas e focar mais na criatividade e estratégia”, afirma Caio Nogueira, co-fundador da UpSites e especialista com mais de 10 anos de experiência em desenvolvimento digital. Segundo ele, ferramentas de IA generativa já conseguem criar projetos inteiros de design com qualidade surpreendente.

Nogueira ressalta que, apesar dos avanços tecnológicos, o papel do profissional continua fundamental: “A IA não substitui a criatividade humana, mas amplifica a capacidade de personalizar experiências e otimizar processos de design. A chave está em utilizar a IA para liberar os designers de tarefas repetitivas e deixá-los focar em tarefas mais criativas e estratégicas.”

“Hoje, com ferramentas como Recraft, Visual Electric entre outras, é possível criar projetos complexos rapidamente”, explica Nogueira. No entanto, ele ressalta que a tecnologia deve ser vista como um complemento ao trabalho humano: “A IA pode ajudar os designers a entender padrões de consumo por meio da análise de dados em grande escala, melhorando não só a estética do design, mas também sua funcionalidade.”

A nova legislação proposta pelo deputado João Daniel (PT-SE) busca estabelecer critérios mais rigorosos para o uso de dados pessoais no treinamento de sistemas de IA, o que pode afetar diretamente o desenvolvimento de ferramentas criativas. “É imprescindível que o avanço tecnológico seja acompanhado de medidas que assegurem a proteção dos dados pessoais dos cidadãos”, destaca o parlamentar.

A tramitação do projeto nas comissões da Câmara dos Deputados deve gerar debates importantes sobre o futuro do trabalho criativo no Brasil. Para Nogueira, o momento exige adaptação dos profissionais: “Em resumo, a IA está não só simplificando algumas tarefas, mas também ajudando os designers a criar experiências digitais mais personalizadas e dinâmicas, enquanto permite que eles se concentrem no que realmente faz a diferença: a experiência e a criatividade.”

O professor Alexandre Farbiarz, especialista em mídias digitais da UFF e PUC-RJ, apresenta uma visão mais cautelosa sobre essas mudanças. “A tecnologia muda, mas a lógica capitalista não. O que acontece hoje já aconteceu antes. Algumas profissões vão desaparecer, outras surgirão”, observa o pesquisador.

O cenário atual exige uma nova abordagem na formação profissional. Farbiarz enfatiza que “existe uma necessidade urgente de letramento específico em IA, principalmente considerando como essa tecnologia está sendo rapidamente incorporada em diversos setores da sociedade.” Segundo o professor, não basta apenas saber usar as ferramentas, é preciso compreender suas implicações e limitações.

Farbiarz alerta para questões mais amplas sobre o uso da tecnologia no ambiente profissional: “Muitas vezes, a IA é apresentada como uma ferramenta neutra e subserviente, mas na verdade ela faz parte de um projeto capitalista muito bem estruturado.” O professor destaca a importância de um olhar crítico sobre como essas ferramentas são desenvolvidas e implementadas.


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