Inovação: deve ser cultura de todos ou estrutura com poucos?
Você já parou pra pensar se o segredo para inovar é ter uma área de inovação bonitona ou, na real, espalhar a inovação como quem espalha manteiga no pão por toda a empresa?
Essa dúvida atormenta líderes por aí, que quebram a cabeça pra decidir o que é mais eficiente: criar um time ninja ou fazer todo mundo virar mestre em pensar fora da caixa.
Bora descomplicar esse dilema e explorar o que funciona – com fatos, histórias e uns bons puxões de orelha.
Começa pelo básico: qual o apetite pra inovar?
Antes de tudo, não dá pra ignorar a pergunta óbvia: sua empresa tem sede de inovação ou é mais do tipo “devagar e sempre”? E mais: já existe uma cultura de inovação ou tudo ainda é um grande terreno baldio? Isso faz toda a diferença no caminho que você vai escolher.
Não adianta botar foguete na mão de quem prefere uma charrete.
O apetite está ligado a maturidade na empresa no fator inovação e o quanto ela já faz e sabe fazer.
A Deloitte, em seu estudo “Scaling Edges”, é categórica: o mundo tá mudando mais rápido que meme na internet, e quem não se mexer vai virar peça de museu. Eles sugerem focar em “edges” – áreas pequenas e específicas onde dá pra testar ideias, gastar pouco e, se der ruim, o estrago é pequeno. É como colocar a ponta do pé na água antes de mergulhar. Genial, né?
Por que começar pequeno é genial?
O conceito de “Scaling Edges” dá aquele tapa na cara de quem acha que inovação é sair reformando tudo de uma vez. Em vez disso, o truque é criar um grupo focado, protegido das demandas do dia a dia, onde dá pra errar à vontade. É nessa zona que a criatividade floresce.
Exemplo clássico: Magazine Luiza. Começaram com uma equipe que parecia mais um laboratório de tecnologia do que uma área de inovação. Deram tempo, dinheiro e liberdade pra eles experimentarem. O resultado? Transformaram o varejo brasileiro e, ainda por cima, viraram case de sucesso quando o mercado tava mais travado que reunião às 18h de sexta.
Área dedicada ou cultura disseminada?
Se sua empresa ainda tá engatinhando na inovação, criar uma área dedicada é quase obrigatório. Pense nela como um tanque de ensaio, onde os KPIs são criados e as ideias mais doidas são testadas sem medo.
Por outro lado, se a cultura de inovação já tá no DNA da empresa, faz mais sentido espalhar a responsabilidade pra todo mundo – da tia do café ao CEO. Assim, as ideias brotam onde menos se espera.
Cultura é o chão firme da inovação: sem ela, a casa cai.
Agora, não adianta nada criar um time se o resto da empresa olha torto pra quem tenta inovar. Sem uma cultura que abrace erros e celebre experimentos, é só questão de tempo até tudo ir por água abaixo.
Empresas que conseguem fazer da inovação um hábito, e não só um departamento, são as que lideram seus mercados. Quer dados? A McKinsey descobriu que empresas com culturas inovadoras têm 2,5 vezes mais chances de serem líderes em seus setores. Nada mal, hein?
Então, o que a ciência diz?
Segundo a Revista Gestão e Secretariado, empresas com culturas voltadas para inovação apresentam melhores resultados em criatividade e adaptação (Rodrigues & Vilha, 2023). E Cameron & Quinn (2011) reforçam que o ambiente certo é o que mais impacta no desempenho inovador. Ou seja, não adianta ter o melhor time se o terreno não for fértil.
No fim das contas, escolher entre uma área de inovação dedicada ou jogar a cultura de inovação pra toda a empresa é como decidir entre um café espresso ou um coado. Vai depender do gosto, da intensidade desejada e da urgência do efeito.
Empresas que estão começando talvez precisem daquele empurrão inicial com uma área dedicada, enquanto as mais maduras podem colher mais frutos dando asas à criatividade em cada setor.
No fundo, a inovação é mais sobre persistência e menos sobre onde ela acontece. Se a liderança tiver compromisso de cultivar um ambiente propício, tanto faz se é com uma equipe de ninjas da inovação ou com uma horda de colaboradores inquietos.
A decisão entre uma área de inovação ou a disseminação dessa cultura depende do contexto da sua empresa. O importante é ter coragem pra testar, aprender e ajustar o rumo.
O que não pode é ficar parado, achando que “tá tudo bem”. Spoiler: não tá.
Então, bora mexer os pauzinhos, experimentar algo novo e ver o que funciona. Porque, no fim das contas, inovar não é sobre estruturas ou cargos, mas sobre mentalidade. É sobre ter a ousadia de desafiar o óbvio e construir algo que faz diferença.
Agora me conta: o que você acha que faz mais sentido para sua empresa?
* Especialista de Inovação e criador do canal Elefante Limonada
Referências
- Deloitte Insights. (2019). Scaling Edges. Disponível em: Deloitte
- Dobni, C. B. (2008). The Innovation Culture: The Role of Organizational Culture in Innovation Performance. Journal of Business Research.
- Gallup. (2021). State of the Global Workplace. Disponível em: Gallup
- McKinsey & Company. (2020). The Innovation Commitment: How to Make Innovation Work in Your Organization. Disponível em: McKinsey
- Rodrigues, E., & Vilha, A. M. (2023). Cultura organizacional como elemento estratégico para inovação tecnológica. Revista GeSec.
- Zhu, Y., & Engels, J. (2014). Cultural Dimensions and Innovation Performance. International Journal of Innovation Management.