Saúde

Insulina semanal demonstra eficácia semelhante à insulina diária em estudo

Uma nova insulina de uso semanal obteve a mesma eficácia que as injeções de uso diários em pacientes com diabetes tipo 2. Em ensaios clínicos, a insulina efsitora alfa (efsitora) usada uma vez por semana levou a uma redução da hemoglobina glicada (HbA1C) de forma não inferior à injeção diária, amplamente utilizada a nível mundial.

Os resultados dos estudos, divulgados na semana passada pela Eli Lilly and Company, foram considerados promissores, principalmente pelo potencial de a insulina semanal promover qualidade de vida para pacientes com diabetes. Com eficácia muito próxima das insulinas basais diárias, a injeção semanal conseguiu controlar a doença com um menor número de aplicações – em um ano, serão apenas 52, ao invés de 365.

As análises foram divididas em dois estudos clínicos de fase 3: o QWINT-1, que avaliou o uso da insulina semanal em pacientes com diabetes tipo 2 que nunca tinham utilizado nenhum tipo de injeção insulínica; e o QWINT-3, realizado em pacientes com o distúrbio, mas que já realizavam tratamento com injeções de insulinas basais diárias.

Conforme o estudo, entre aqueles que nunca tinham utilizado insulina no tratamento de diabetes, a aplicação semanal reduziu a hemoglobina glicada em 1,31%, comparado a 1,27% da insulina glargina diária. Isso resultou em uma hemoglobina glicada de 6,92% e 6,96%, respectivamente.

Entre aqueles que trocaram o tratamento diário pelo tratamento semanal, também foram observadas reduções na hemoglobina glicada. A insulina semanal reduziu a HbA1C em 0,86% em comparação com a diminuição de 0,75% causada pela insulina degludeca diária. Isso resultou em uma hemoglobina glicada de 6,93% e 7,03%, respectivamente.

“As insulinas semanais, como a efsitora, têm o potencial de transformar o tratamento do diabetes como conhecemos”, afirma Jeff Emmick, vice-presidente sênior de desenvolvimento de produtos da Lilly, em comunicado à imprensa. “Muitos pacientes relutam em iniciar o tratamento com insulina por causa do fardo que eles sentem”.

“Estamos falando de substituir 365 injeções diárias de insulina basal por apenas 52 injeções e ainda mantendo o mesmo perfil de eficácia e segurança que os médicos já estão acostumados a prescrever a seus pacientes. Essa simplificação também ajuda na adesão ao tratamento e na própria qualidade de vida dos pacientes”, destaca Luiz Magno, diretor sênior da área médica da Lilly Brasil.

Como os estudos foram feitos?

Tanto o estudo QWINT-1, quanto o QWINT-3 avaliaram a eficácia e a segurança da insulina efsitora semanal em comparação com a insulina diária. No entanto, o primeiro estudo teve uma duração de 52 semanas e envolveu 796 pessoas com diabetes que não usavam insulina anteriormente, dos Estados Unidos, Argentina, México e Porto Rico

Eles foram randomizados (ou seja, divididos de forma aleatória) para receber efsitora uma vez por semana ou insulina glargina uma vez ao dia, administrada por via subcutânea. Todos os participantes tratados com efsitora receberam uma dose inicial de 100 unidades, seguida de um escalonamento de dose fixa para atingir uma meta de glicemia de jejum de 80-130 mg/dL.

A glicemia de jejum foi medida a cada quatro semanas e os participantes escalaram para dosagens fixas de 150 unidades, 250 unidades e 400 unidades, conforme apropriado. Os participantes com glicemia de jejum superior a 130 mg/dL em ou após 16 semanas foram transferidos para a dosagem flexível. O objetivo era avaliar a eficácia da insulina diária na semana 52.

Já o QWINT-3 contou com 986 participantes dos Estados Unidos, Argentina, Hungria, Japão, Coreia, Polônia, Porto Rico, Eslováquia, Espanha e Taiwan que foram acompanhados durante 78 semanas, com acompanhamento de segurança a cada 5 semanas. Eles foram designados de forma aleatória para receber efsitora uma vez por semana ou insulina diária degludeca uma vez ao dia, administrada por via subcutânea. O objetivo era avaliar a eficácia da insulina diária na semana 26.

O que é insulina efsitora?

A insulina efsitora é uma insulina basal semanal, desenvolvida especificamente para administração subcutânea uma vez por semana. A insulina semanal tem o potencial de fornecer níveis de glicose mais estáveis, ou seja, de levar a uma menor variabilidade da açúcar no sangue, ao longo da semana. A efsitora está em estudo fase 3 para pacientes com diabetes tipo 1 e 2.

Na terça-feira (10), os resultados de outros estudos clínicos realizados com a insulina semanal foram divulgados Encontro Anual de 2024 da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes.

No QWINT-2, publicado no The New England Journal of Medicine, o tratamento com foi avaliado em pacientes com diabetes tipo 2 que nunca tinham usado insulina, em comparação com o uso da insulina degludeca diária. A efsitora ajudou adultos sem tratamento prévio com insulina, utilizando ou não agonistas do receptor GLP-1 (como Ozempic), a atingir uma hemoglobina glicada inferior a 7%, uma redução consistente.

Já no QWINT-5, publicado no The Lancet, o uso da insulina diária foi avaliada em pacientes com diabetes tipo 1 que necessitavam de injeções diárias de insulina basal e múltiplas injeções de insulina na hora das refeições. No estudo, a efsitora reduziu a hemoglobina glicada em 0,53% em comparação com 0,59% para a insulina degludeca, resultando em uma HbA1C de 7,37% e 7,32%, respectivamente.

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