Política

Itamaraty convoca chefe da embaixada dos EUA para prestar esclarecimentos


RICARDO DELLA COLETTA E RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O Ministério das Relações Exteriores convocou nesta segunda-feira (27) o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília para prestar esclarecimentos sobre a situação dos deportados brasileiros, que estavam algemados e relataram maus-tratos na viagem.

O encarregado, Gabriel Escobar, foi chamado ao Palácio do Itamaraty e se reuniu com a embaixadora brasileira Márcia Loureiro, secretária de Assuntos Consulares do ministério.

A embaixada dos Estados Unidos confirmou o encontro na chancelaria brasileira, mas não citou a convocação e nem o tema que foi tratado. Apenas descreveu como uma “reunião técnica”. “O encarregado de negócios da Embaixada e Consulados dos EUA, Gabriel Escobar, participou nesta segunda-feira de uma reunião técnica com autoridades do Ministério das Relações Exteriores”, afirma o texto.

A convocação do chefe da embaixada é uma ação diplomática que significa, na prática, que o país quer demonstrar descontentamento e cobrar a outra nação.

O governo Lula (PT) já havia informado no domingo (26) que pediria esclarecimentos aos americanos após o registro das imagens de brasileiros algemados e dos relatos de maus-tratos.

O Itamaraty havia afirmado, por meio de nota, que o uso indiscriminado de algemas e correntes nos brasileiros deportados violava termos do acordo de 2018 com os Estados Unidos que preveem tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados. Também disse que o descumprimento do acordo era inaceitável.

“As autoridades brasileiras não autorizaram o seguimento do voo fretado para Belo Horizonte na noite de sexta-feira em função do uso das algemas e correntes, do mau estado da aeronave, com sistema de ar condicionado em pane, entre outros problemas, e da revolta dos 88 nacionais a bordo pelo tratamento indigno recebido”, disse a nota publicada pelo Itamaraty.

Os brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegaram a Minas Gerais no sábado (25) relataram agressões, ameaças e tratamento degradante que sofreram por parte dos agentes de imigração americanos responsáveis pelo voo de volta ao Brasil.

Eles desembarcaram em Confins, em Belo Horizonte. Vários dos migrantes disseram ter ficado 50 horas algemados, sem ar condicionado no voo e sujeitos a abusos dos americanos.

O governo Lula disse que reuniu informações detalhadas sobre o tratamento degradante dispensado aos brasileiros e brasileiras algemados, nos pés e mãos, em voo de repatriação do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE), com destino a Belo Horizonte. O voo fez uma parada no aeroporto Eduardo Gomes, na capital amazonense.

Também nesta segunda-feira, Lula se reuniu com o chanceler Mauro Vieira para discutir a questão da deportação e as condições dos brasileiros nesses voos.

Um novo encontro está marcado para esta terça-feira (28) com a participação do chanceler e também do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.


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