Líder rebelde pede que sírios comemorem sem atirar, após morte em celebração
O líder rebelde sírio Mohammad al-Jolani pediu ao público para celebrar a queda do regime de Assad sem atirar, após disparos acidentais causarem uma confusão causou uma morte e deixou pessoas feridas na cidade de Raqqa.
Jolani, chefe do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), entregou uma mensagem em vídeo nesta sexta-feira (13) vestindo uma camisa branca e colete – um desvio de seus trajes militares habituais.
“Quero parabenizar o povo sírio pela vitória da abençoada revolução. E eu os convido a ir às ruas expressar sua alegria sem atirar balas e assustar as pessoas”, pediu ele no vídeo. “Depois disso, vamos construir o país.”
A mensagem do líder vem após centenas de pessoas terem tomado as ruas de Raqqa, na quinta-feira (12), para celebrar a fuga do presidente deposto Bashar al-Assad.
Na ocasião um homem perdeu o controle de sua metralhadora e, por engano, abriu fogo contra pessoas que estavam ali, segundo testemunhas e um grupo ativista.
Após o tiroteio, surgiram conflitos entre jovens e a segurança local, afiliada às Forças Democráticas Sírias (SDF) apoiadas pelos EUA. Isso levou ao lançamento de pedras, e a segurança local respondeu com tiros.
Pelo menos uma pessoa foi morta e 15 ficaram feridas, relatou um jornalista local e testemunhas.
A CNN não pôde verificar de forma independente as circunstâncias do incidente.
As tensões têm sido altas em Raqqa entre a SDF liderada pelos curdos e o Exército Livre da Síria (FSA) apoiado pela Turquia, com alguns moradores pedindo que a SDF entregue o controle da cidade para a FSA.
Raqqa é predominantemente árabe, com uma minoria curda.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.