Mesmo com lei, tutores deixam de recolher fezes de animais nas ruas
Por todo o Distrito Federal percebemos a presença de fezes de animais pelas ruas. De acordo com a Lei Distrital nº 6202/2018, é de responsabilidade do tutor a remoção imediata dos dejetos fecais deixados pelos pets nas vias ou logradouros públicos, mas, infelizmente, muitos donos de cachorros e gatos deixam pelas calçadas, áreas verdes, ciclovias e até nas pistas os excrementos fecais feitos pelos animais domésticos.
Segundo o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), o problema é avistado em todas as cidades do DF. Sendo que as fezes são deixadas principalmente em locais com condomínios, como Águas Claras, Asa Sul e Norte, Taguatinga, Sudoeste e Noroeste. Mas os dejetos fecais também são vistos fortemente em Santa Maria, Gama e Ceilândia. Além da falta de higiene e mau cheiro, as fezes deixadas pelos pets podem trazer consigo doenças para os animais e humanos.
O médico veterinário, Samuel Silva, enfatiza que as principais doenças transmitidas pelas fezes de animais domésticos são a giardíase e eimeria, ambas consideradas zoonoses, ou seja, podem ser transmitidas aos seres humanos. Outras muito conhecidas são a salmonelose, verminose, parvovirose e toxoplasmose. “A maioria destas doenças são causadas por parasitas intestinais e que podem ser espécies específicas ou não, sendo possível, por tanto, a transmissão de animal para pessoa. São doenças endêmicas em todo território do DF, desde regiões nobres até as mais periféricas”, explicou Silva.
O veterinário alerta para alguns dos sintomas deixados pelas doenças mencionadas acima, sendo que algumas delas podem até levar à morte do animal doméstico que venha a ser infectado. “A maior parte dessas doenças são do trato gastrointestinal, então elas vão trazer sintomas nesta direção. Nos casos mais graves ocorrem vômitos e anemia. Esses sintomas podem ser avistados tanto nos animais como em humanos que foram infectados”, enfatiza Silva.
“Os mais vulneráveis e suscetíveis são os animais, e com isso podem ser abertas portas para outras doenças ou até levar a óbito diretamente”, disse Silva. “Vale salientar que o contágio de doenças por meio das fezes de animais vem se tornando um problema silencioso e que prejudica a saúde animal e humana de forma discreta, porém, reduzindo fortemente a qualidade de vida e a interação homem-animal”, acrescentou o veterinário.
Para evitar essas doenças, tanto em animais como em humanos, a recomendação mais eficaz é recolher as fezes dos pets das vias públicas. O SLU salienta que o recolhimento dos dejetos fecais dos pets não faz parte dos serviços prestados pela autarquia, sendo responsabilidade dos tutores. “Para realizar o descarte adequado, os resíduos devem ser acondicionados em sacos plásticos e depositados nas lixeiras públicas, em uma das mais de 21 mil lixeiras/papeleiras instaladas pelo SLU em todo o DF, ou junto aos resíduos destinados à coleta convencional”, cita o SLU.
O veterinário, Samuel Silva, recomenda ainda que as pessoas evitem o contato das fezes com as mãos ao recolher os dejetos dos animais. “Saliento que um animal saudável terá fezes sólidas e não pastosas, fáceis de serem recolhidas com a sacola”, disse. Além da possibilidade de descartar as fezes nas lixeiras públicas ou no lixo convencional, o médico também acrescenta que os excrementos fecais podem ser depositados no vaso sanitário.
O servidor público Rodrigo Trindade, 60 anos, mora no Sudoeste e sempre que vai passear com o seu pet, a cadela Pookie, de seis anos, usa as sacolas disponíveis na frente dos prédios para recolher os dejetos fecais dela. “Eu sempre saio com o saquinho e recolho as fezes dela. Mas é muito comum ver fezes na grama e nas calçadas. Tem uns tutores que realmente não recolhem”, disse.
Rodrigo acredita que seja muito importante campanhas de conscientização para deixar as ruas e gramas mais limpos. “Primeiro de tudo é a questão do respeito. A pessoa tem que ter senso de coletividade, de que não é somente ela que tem cachorro, outros também tem. Tem pessoas e crianças que passam pelo mesmo lugar então é preciso recolher. Além disso, é anti-higiênico e junta mosca nas fezes. Muitas vezes temos também que ficar desviando os nossos cachorros porque o lugar está cheio de fezes de outros animais”, acrescentou o servidor público.
No Sudoeste, vários pontos na frente dos prédios contam com sacolas disponíveis para os tutores usarem para recolher os desejos fecais dos animais. “Aqui na quadra é cheio de porta sacos instalados e muitas lixeiras para depositarmos as fezes. Então não tem desculpa para não recolher, mas eu já vi cachorro fazendo e a pessoa do lado e não recolher e vejo sempre fezes no chão quando estou andando”, enfatizou Rodrigo.
Pet Sem Sujeira
Em julho deste ano, a Administração Regional do Plano Piloto lançou a campanha “Pet Sem Sujeira” com foco em orientar os donos de animais domésticos sobre a necessidade de recolher os dejetos fecais dos pets da grama e locais públicos. A iniciativa também ressalta que os cachorros não devem entrar em quadras esportivas e parquinhos infantis.
“Após diversas reuniões com as prefeituras essa foi uma demanda que a população pediu. A partir disso, a administração começou a fazer um trabalho de conscientização com os moradores, além de ter o apoio de prefeituras que já adotam medidas como disponibilizar sacos plásticos para o recolhimento dos dejetos dos animais”, explicou a administração.
Segundo a administração, a campanha tem surtido efeito. “Notamos que com a parceria da comunidade as calçadas e áreas verdes estão mais limpas. Mas ainda existem locais que o dono do pet deixa a sujeira e não recolhe”, salientou.