Brasilia

Mulheres conquistam espaço no canteiro de obras e transformam a construção civil no DF


A participação feminina na construção civil do Distrito Federal cresceu cerca de 52,3% entre 2012 e 2021, segundo dados do Sinduscon-DF. O setor, historicamente dominado por homens, tem se tornado cada vez mais diverso, com mulheres ocupando cargos de liderança e contribuindo para um ambiente de trabalho mais colaborativo e eficiente.

A engenheira civil Monyque Coelho Miliome, de 28 anos, é um exemplo desse avanço. Formada na área, ela atua como engenheira civil na obra do empreendimento Áster, no Guará, e mora em Vicente Pires. Desde a adolescência, Monyque se interessou pela construção civil ao observar o dinamismo das obras e a realização do sonho de muitas pessoas ao verem seus imóveis sendo erguidos. “Sempre fui muito curiosa. Eu via os prédios subindo e queria entender como tudo funcionava. Queria saber por que surgiam fissuras, por que o revestimento desplacava. Isso despertou meu interesse em estudar engenharia civil”, conta.

Apesar de ter primos e amigos engenheiros que a incentivaram na escolha da profissão, Monyque afirma que a curiosidade foi sua principal motivação. No ambiente acadêmico, ela percebeu que a presença de mulheres já era significativa. “Na minha turma da faculdade, tínhamos uma quantidade equilibrada de homens e mulheres. Sempre nos demos muito bem, sem essa divisão de gênero”, relembra.

Atualmente, o cenário no canteiro de obras reflete essa mudança. Na obra onde trabalha, Monyque destaca a presença feminina em diferentes funções. “Temos muitas estagiárias, assistentes e engenheiras. No setor administrativo, a maioria também é de mulheres”, afirma. Ao todo, cinco engenheiras atuam diretamente no canteiro.

A engenheira destaca ainda o ambiente positivo e colaborativo que encontrou no setor. “Nos canteiros de obras onde já trabalhei, sempre fui muito respeitada. O trabalho aqui é baseado na cooperação. Ninguém chega sabendo tudo, então sempre há um apoio mútuo. Os homens ajudam as mulheres, e vice-versa. É um ambiente dinâmico e acolhedor”, avalia.

Para Monyque, a referência feminina mais marcante em sua carreira foi sua primeira chefe, Maria Estela, que a contratou como estagiária e ensinou os primeiros passos na profissão. “Ela era coordenadora de obra e me mostrou como liderar uma equipe, resolver problemas e gerenciar uma obra. Muitos dizem que herdei esse estilo de liderança dela”, conta.

A participação das mulheres na construção civil não se reflete apenas no aumento numérico, mas também na qualidade do trabalho desenvolvido. Para a engenheira de produção Camila Diniz, da Brasal Incorporações, as mulheres contribuem para um ambiente de trabalho mais empático e produtivo. “A diversidade no canteiro de obras fortalece a troca de ideias e melhora a colaboração entre as equipes, resultando em maior eficiência e qualidade nos projetos”, explica.

Camila atua como coordenadora de produção no empreendimento Áuster e lidera uma equipe com mais de 250 profissionais. “Sempre sonhei em atuar no canteiro de obras, e conquistar esse espaço é muito gratificante. Enfrentei desafios, mas sempre me dediquei para crescer profissionalmente. Hoje, me sinto realizada e motivada a incentivar outras mulheres a seguirem esse caminho”, ressalta.

Atualmente, a equipe de engenharia da Brasal Incorporações no DF conta com 76 mulheres em cargos estratégicos, representando um crescimento de 105% em relação a 2024. Esse avanço reforça o compromisso da empresa com a diversidade e inclusão no setor.

O aumento da presença feminina no setor indica uma mudança de mentalidade e a superação de estereótipos. “O futuro é de mais diversidade, com mulheres ocupando posições de liderança e contribuindo para a inovação na engenharia”, destaca Camila.

Para aquelas que desejam ingressar na área, Monyque incentiva: “Estudem, se profissionalizem, desenvolvam capacidade de liderança. O canteiro de obras não é um bicho de sete cabeças. Pelo contrário, é um ambiente acolhedor e dinâmico, onde a presença feminina faz toda a diferença. Trabalhamos com seriedade, mas também com empatia, tornando tudo mais leve e produtivo”.

A construção civil, antes vista como um espaço exclusivamente masculino, está sendo transformada pelas mulheres, que demonstram competência, resiliência e liderança em um setor essencial para o desenvolvimento do país.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *