‘Não sabemos se Trump quer algo do Brasil’, diz o…
Como o Brasil pode convencer Trump a rever as taxas de importação? Somos deficitários no comércio com os Estados Unidos. Não há motivos para os americanos mudarem essa relação.
Mas isso basta? Depende da disposição de Trump para negociar. Ele adiou a cobrança das taxas sobre o Canadá e o México, após obter ganhos não comerciais, como o maior controle da imigração ilegal e do tráfico de drogas, prometido pelos dois países. Não sabemos se Trump tem uma agenda para o Brasil, algo que queira para flexibilizar as tarifas. Parece não ter.
O Brasil é irrelevante para Trump? Devemos entender que ele fala de uma maneira muito simplória em taxar países, mas o que Trump faz é taxar produtos. Essa é a diferença: ele não olha países, mas sim setores. Um exemplo é o etanol, citado por ele.
Taxar as importações americanas é uma opção? Seria um tiro no pé do Brasil. Na verdade, taxaríamos a nós mesmos, porque nossos importadores pagariam a conta. As próprias empresas ficariam descontentes, porque grande parte do comércio com os Estados Unidos é de bens industriais.
Lula quer recorrer à OMC. É uma saída? Os EUA estão na Organização Mundial do Comércio, mas o Congresso americano nunca aceitou decisões contrárias aos interesses do país, porque entende que isso fere sua soberania. Além disso, o órgão de apelação não funciona desde 2019 por pressão americana, que dificulta a indicação de juízes.
Com reportagem de Juliana Elias
Publicado em VEJA, fevereiro de 2025, edição VEJA Negócios nº 11