Novas estratégias prometem aprimorar tratamento de câncer de próstata avançado
Com mais de 300 especialistas nacionais e internacionais, Congresso na área de saúde, será realizado de 26 a 28 de setembro, em Brasília e discutirá temas de vanguarda em oncologia, com destaque para a desmistificação do tratamento de câncer de próstata avançado. O evento acontece no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que o câncer de próstata corresponde a 29% dos casos de tumor em homens. Anualmente são aproximadamente 66 mil novos diagnósticos da doença, que causam cerca de quase 16 mil mortes. Nesta edição do congresso, Igor Morbeck, oncologista, será um dos palestrantes principais, oferecendo insights e perspectivas sobre novos tipos de abordagens. O especialista abordará sobre as vantagens da desintensificação do tratamento de câncer de próstata avançado e a importância da personalização dos cuidados com cada paciente.
Morbeck explica que a viabilidade de desintensificação do tratamento busca personalizar o tratamento, reduzindo a carga dos regimes terapêuticos sem comprometer a sua eficácia. Essa conduta é avaliada com base em critérios, como o uso de hormonoterapia intermitente. “Neste caso, o paciente toma o hormônio por um período, há uma pausa e depois recomeça. Há ainda outras estratégias para melhorar o tratamento, como a otimização de novos medicamentos para monoterapia, que é feita sem combinação com outras drogas, e a redução da duração da terapia antiandrogênica, que bloqueia hormônios específicos. Essas abordagens são fundamentais para personalizar os cuidados, minimizando efeitos colaterais e melhorando a eficácia”, afirma.
Entre os benefícios da desintensificação, o oncologista aponta a melhora na qualidade de vida dos pacientes, observada através do aumento dos níveis de testosterona, o que contribui para ganhos em massa muscular, libido e metabolismo. A conduta oferece ainda uma alternativa menos invasiva comparada aos regimes intensivos, que frequentemente geram efeitos colaterais mais severos.
Embora a identificação dos tipos de pacientes que poderiam se beneficiar da desintensificação ainda esteja em desenvolvimento, Morbeck ressalta que fatores clínicos atuais ajudam a compor um score prognóstico, enquanto novos biomarcadores estão em estudo para refinar essa seleção.
Além disso, novas drogas e ações mais direcionadas são destacadas como componentes cruciais na desintensificação. “Os novos agentes hormonais são mais eficazes e com menor grau de efeitos colaterais e as terapias-alvo são importantes nos cenários de mutação específica, evitando-se o uso de quimioterapia nos casos de doença com maior volume e mais agressiva”, destaca o especialista.
Pesquisas recentes, como o ensaio EORTC 2238 De-Escalate, publicado na revista Frontiers in Oncology, têm reavaliado a eficácia da terapia intermitente em pacientes com câncer de próstata metastático. Essa abordagem busca equilibrar os benefícios do bloqueio androgênico máximo (MAB) com a redução de efeitos colaterais, melhorando a qualidade de vida. O trabalho sugere que, ao alternar períodos de tratamento e observação, é possível manter os resultados sem os efeitos adversos da terapia contínua.
Igor Morbeck destaca que períodos de pausa no tratamento — o que ele se refere como “desintoxicação”
— são viáveis e podem oferecer vantagens em termos de custos e qualidade de vida. Os resultados de outro trabalho, publicado no Urology Practice, revista oficial da Associação Americana de Urologia, que comparou a terapia intermitente e a tradicional, sugerem que novas diretrizes de tratamento devem considerar essas abordagens com pausas como alternativas válidas no manejo do câncer de próstata avançado.
O oncologista também enfatizou a importância do acompanhamento contínuo dos pacientes. “Certamente este é um ponto de atenção, onde consultas médicas periódicas, exames de imagem e laboratoriais precisam ser feitos para eventualmente detectar precocemente a recidiva ou progressão da doença”, finalizou.