Os foliões já estão nas avenidas
Dias antes do Carnaval começar oficialmente, o movimento dos foliões ao redor do DF já está a todo vapor. Nesse último domingo alguns eventos carnavalescos levaram o povo às ruas, como o tradicional Desfile da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc), que foi enriquecido com a participação de mais 6 escolas de samba da capital. Na Candangolândia, a folia dos moradores também aconteceu com o bloco das Batuqueiras MAIS.
A concentração do Desfile da Aruc foi na Avenida das Mangueiras, entre o Cruzeiro Velho e o Cruzeiro Novo, que ficou preenchida com as cores das 7 escolas co-irmãs do grupo especial do Distrito Federal, incluindo a Aruc, a Acadêmicos da Asa Norte, Capela Imperial (Taguatinga), Águia Imperial (Ceilândia), Bola Preta (Sobradinho), Mocidade do Gama e o Grêmio Especial da Vicente Pires.
De férias, a bancária Eliane Andrade, 38 anos, junto da filha de dois anos, Maria Catarina, veio de Montes Claros (MG), visitar a irmã. Ela aproveitou a tarde de domingo para acompanhar o desfile da Aruc. Eliane não esperava encontrar um evento de carnaval em Brasília, ainda mais no fim de semana de pré-carnaval, mas se surpreendeu e achou o evento muito familiar, organizado e bonito. “Lindo o desfile. Como turista foi uma coisa que me chamou a atenção e imagino que com uma estrutura melhor e mais oficializada, talvez valorize ainda mais o turismo da capital”, salientou.
O produtor cultural Wellington Campos, 69 anos, mais conhecido como Vareta, tem a história de vida entrelaçada com o carnaval. Ele é morador do Cruzeiro desde pequeno e neste mês está completando 54 anos de avenida. “Eu queria comemorar no desfile oficial, mas o carnaval tem que continuar”, acrescentou. Ele está feliz de ver essa confraternização de escolas e da população que é apaixonada pelo carnaval. “Esse desfile está mostrando que o samba não morreu. Como dizia o poeta Nelson Sargento, o samba agoniza, mas não morre”, citou.
Francesli da Conceição Leite, 56 anos, que é conhecida como Mãe Frances de Oya, baiana do Acarajé de Brasília. Ela já foi rainha da Aruc, mas nesse domingo desfilou como baiana pela Capela Imperial de Taguatinga. Para ela, participar dessa grande confraternização é como deixar um recado que Brasília também tem samba, cultura e representatividade. “Não precisamos trazer ninguém do Rio de Janeiro, São Paulo, que seja. O nosso carnaval tem um samba diferente e nele está toda a alegria do povo”, declarou.
O carnavalesco da Aruc, Sérgio Souza, contou ao Jornal de Brasília que essa foi a primeira vez que as escolas de samba se reuniram nesse evento. “Todos os presidentes das escolas construíram esse movimento conosco. Isso é muito positivo”. Para ele, o Carnaval é uma festa do povo, que sempre vai se organizar para celebrar nas ruas.
Robson Silva é o presidente da Aruc e para ele, o desfile deste ano mostra para a sociedade a importância das escolas de samba para o Distrito Federal. Ele espera que em 2026 as coisas melhorem para que os desfiles do Carnaval de Brasília voltem a ser realizados. “Na verdade, os desfiles são como uma coroação de todo um trabalho de inclusão social e economia criativa, que gera empregos e ao mesmo tempo, gera integração das regiões administrativas de cada escola”, destacou.
Robson Farias, vice-presidente da escola tetracampeã do Carnaval de Brasília, a Acadêmicos da Asa Norte, vê esse movimento das escolas como algo essencial. “Nós estamos nos reunindo em prol de um único objetivo em comum e há muita animação entre todas as escolas de samba”, afirmou. Ele considera que o evento de ontem mostrou um pouco do que o Carnaval Brasiliense tem de melhor.
O presidente da Associação Recreativa Cultural Escola de Samba Águia Imperial de Ceilândia, Geomar Leite, mais conhecido como Pará, acredita que em 2026, os desfiles oficiais vão retornar. “As escolas estão prontas”, frisou. Mas para 2025, a união em prol do Carnaval de Brasília no desfile promovido pela Aruc já é algo para celebrar.
Carnaval na Candanga
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Estreando como um Bloco, as Batuqueiras MAIS se apresentaram na Praça do Bosque, na Candangolândia nesse domingo. O objetivo do grupo foi resgatar a essência do Carnaval de rua, com a vibração dos tambores acústicos e a celebração da diversidade. Essa folia foi uma expansão do grupo percussivo Batuqueiras que já atua no cenário musical e da cultura popular desde 2014. A programação para os moradores da região contou com a participação especial do Bloco Asé Dudú e o som da DJ Lolly.
Carol Cortez, diretora executiva do Batuqueiras MAIS, contou que esse bloco está sendo realizado depois de um ciclo de oficinas de formação em percussão para mulheres e pessoas LBTs. “Essas oficinas vão continuar ao longo do ano e nós vamos lançar um calendário com uma divulgação bem legal, porque a ideia é permanecer formando esse bloco”, afirmou. As oficinas vão ser abertas especialmente para as pessoas da comunidade da Candangolândia. “Tanto a formação como a participação do bloco e as nossas apresentações, acontecem gratuitamente”, frisou.
O bloco foi realizado com recursos próprios do grupo, que dia 1º de março, na estreia do Carnaval Oficial, vai estar no Bloco Rebu, na plataforma da diversidade, a partir das 15 horas.
A produtora cultural Mafe Oliveira, 29 anos, aproveitou esse final de semana de pré-carnaval para curtir a folia. Ela veio para o bloco das Batuqueiras com a filha de 3 anos, Ana Beatriz e a avó Edna Cortez. “Desde pequena minha avó sempre me levou para os carnavais. Ela é a maior brincante de carnaval que conheço”, comentou. Então para Mafe, esse feriado sempre foi a melhor época do ano. “Onde podemos brincar e sair com a família, o que para mim é o mais importante”. Ela aproveitou para curtir com tranquilidade, nesse evento que considerou maravilhoso e acolhedor, porque na semana que vem, a foliã vai trabalhar em alguns blocos carnavalescos.