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Pesquisadores desvendam o que causou um megatsunami em 2023; entenda

Pesquisadores analisaram o megatsunami ocorrido na Groenlândia em setembro do ano passado para esclarecer a origem da onde que alcançou, em seu pico, dezenas de metros de altura.

Graças ao isolamento da região, não houve vítimas, mas uma unidade militar foi destruída.

Um estudo publicado na revista The Seismic World registrou, na análise do megatsunami, um primeiro sinal sísmico de alta intensidade (o tsunami propriamente dito), seguido por um sinal que ficou presente por sete dias, em ondas que iam de um lado para o outro até 5 km de distância do ponto de início.

Para descobrir tais movimentos, os cientistas do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências (GFZ) analisaram dados da Agência Espacial Europeia e dos satélites Dove espalhados ao redor do mundo.

O sismologista da Universidade de São Paulo (USP) Bruno Collaço explica como o fenômeno acontece. “Quando as geleiras vão derretendo, as paredes mais perto da borda podem desacoplar, e com isso um imenso bloco de gelo cai na água. Isso faz com que uma onda seja gerada, e pode acontecer um megatsunami a partir daí, dependendo do tamanho desse bloco de gelo“, disse o cientista.

Esse movimento foi identificado no tsunami que ocorreu na Groenlândia. A base militar que foi destruída fica na Ilha de Ella, onde a onda foi mais percebida. Na direção oeste, os pesquisadores identificaram um pedaço faltando em um penhasco no Fiorde Dickson, o que sugere que um deslizamento de geleira (mistura de rocha com gelo) tenha causado o abalo sísmico.

Uma vez que o derretimento de geleiras tem aumentado gradualmente em decorrência das mudanças climáticas, eventos como esse se tornam mais prováveis.

“Os efeitos do aquecimento global e das mudanças no permafrost provavelmente reduzirão ainda mais a estabilidade das encostas e aumentarão a incidência de deslizamentos de terra e tsunamis”, diz o estudo.

Relatório publicado nesta semana pela Organização das Nações Unidas (ONU) indica que, considerando um aumento de 2°C na temperatura do planeta, é esperado que grande parte da Groenlândia e da Antártida derretam.

Até agora, cerca de 35% da porção norte da Groenlândia já foram perdidos nas últimas quatro décadas, de acordo com um estudo publicado no ano passado na Revista Nature.

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