PFAS: como posso deixar de consumir compostos tóxicos eternos?
Os PFAS são uma lista de mais de 12 mil produtos que servem para tornar os produtos antiaderentes, impermeáveis e resistentes a manchas. Embora a ciência já tenha ligado o uso das substâncias per e polifluoroalquiladas (PFAS) a vários problemas de saúde, elas são usadas em milhares de itens que compramos em nosso dia a dia.
Da pipoca de micro-ondas à camisinha, muitos produtos têm quantidades variadas dos agentes conhecidos como tóxicos eternos e que podem comprometer a saúde se forem absorvidos em altas quantidades.
“Os compostos conseguem permanecer muito tempo no ambiente. Por suas propriedades resistentes à água, óleo, calor e manchas, são muito usados em produtos industrializados, mas se deterioram lentamente e acabam sendo acumulados no organismo, por isso o apelido de toxicantes eternos”, explica o toxicologista Sérgio Graff, da Toxiclin, de São Paulo.
Os produtos químicos já foram relacionados a problemas no fígado, aumento do colesterol e queda brusca na resposta imune de alguns pacientes intoxicados.
“Os PFAS não foram suficientemente estudados, mas algumas pesquisas demonstraram que eles podem ser cancerígenos, atuar como interferentes endócrinos e talvez interferir na reprodução. A questão é que os estudos não conseguiram demonstrar uma dose diária aceitável e algumas agências sugerem que doses tão baixas quanto partes por trilhão já podem ser comprometedoras”, completa o toxicologista.
Na área da saúde reprodutiva, alguns estudos mostraram que as substâncias podem estar vinculadas à produção ineficaz de espermatozoides. “Os PFAS podem estar ligados à desregulação hormonal e ao aumento de condições como endometriose e síndrome dos ovários policísticos”, explica o ginecologista João Guilherme Grassi, de Londrina.
PFAS e o risco à saúde
Os PFAS são usados até em detergentes e protetores solares, com uma chance (ainda que extremamente baixa, esclarece Graff) de serem absorvidos pelo organismo no contato com a pele. O principal risco, porém, é de ingerir líquidos ou alimentos contaminados com os toxicantes.
Uma vez que as substâncias tóxicas se infiltram no organismo, podem causar problemas de saúde. Um dos principais grupos de risco são as gestantes: os efeitos dos PFAs são ainda mais intensos se atingirem o organismo durante formação do feto.
Por isso, é importante reduzir o contato com as substâncias. Como estão largamente difundidas nos produtos industrializados, é difícil eliminar totalmente os riscos de contaminação, mas é possível diminuir a exposição pessoal com algumas dicas simples.
Como evitar contato com os PFAS?
Segundo a PFAS Exchange, uma agência de conscientização sobre o risco de intoxicação criada por órgãos do governo dos Estados Unidos (NIH/NIEHS) e universidades do país, para reduzir a exposição é preciso:
- Evitar contato com sprays impermeabilizantes usados em carpetes e estofados;
- Evitar panelas de Teflon, preferindo aquelas feitas de ferro fundido, aço inoxidável, vidro ou esmalte;
- Beber apenas água mineral filtrada;
- Evitar a ingestão de pipoca de micro-ondas e de outros alimentos preparados para serem aquecidos no eletrodoméstico, já que as embalagem também possuem PFAS;
- Usar fio dental de náilon em vez dos revestidos com cera artificial.
Além disso, a PFAS Exchange recomenda que os governos e agentes públicos façam testes da presença de PFAS na rede pública de água e esgoto, além de avaliar exames de sangue da população e alertar as comunidades sobre os problemas do acúmulo antes que apareçam consequências para a saúde.
Não há tratamento disponível para pessoas que foram intoxicadas com os PFAS. Para quem já tem níveis altos da substância no corpo, o recomendado pelos médicos é evitar novos contatos com produtos que tenham os tóxicos.
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