Brasilia

Projeto Recomeçar: conheça a história da primeira vítima de violência doméstica a realizar cirurgia plástica reparadora


Maria (nome fictício), 46 anos, vítima de tentativa de feminicídio, carrega no corpo as sequelas da violência doméstica e familiar. Há cinco anos, teve grande parte do corpo queimado pelo ex-companheiro, foi socorrida por um vizinho e sobreviveu.

Devido às sequelas do crime, perdeu o movimento de um dos braços e, por isso, não pode retomar ao trabalho. Sobrevive com a ajuda financeira de familiares e de programas do governo. O agressor foi condenado a 15 anos de prisão.

Maria foi a primeira mulher a realizar cirurgia plástica reparadora por meio do projeto Recomeçar, parceria entre o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), por meio do Núcleo Judiciário da Mulher (NJM), e a Fundação IDEAH/SBCP.

A iniciativa visa à realização de cirurgias plásticas reparadoras em mulheres, crianças e adolescentes com sequelas causadas por atos de violência doméstica e familiar, cujos casos estejam judicializados no TJDFT.

Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher, os Juizados Especiais Criminais, os Tribunais do Júri, as Varas Criminais e a Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes fazem o levantamento das situações elegíveis para cirurgia reparadora e o Núcleo Judiciário da Mulher faz o encaminhamento para a Fundação IDEAH/SBCP para avaliação médica.

Segundo a vítima, a rede de apoio familiar e do Tribunal foram fundamentais para conseguir se reerguer. “O projeto tira as nossas sequelas e resgata a nossa autoestima. É um trabalho sério, os médicos são muito competentes e atenciosos. Eu recomendo bastante que as mulheres vítimas de algum tipo de agressão procurem esse serviço”, ressalta.

Após a tentativa de feminicídio, ela sofreu queimaduras de 2º e 3º graus, passou 17 dias internada no HRAN, hospital do DF especializado em queimados, onde fez duas cirurgias, antes de participar do projeto.

As primeiras cirurgias por meio do projeto Recomeçar aconteceram em dezembro de 2023, no colo e no peito; em seguida, em março de 2024, no braço. Ainda faltam mais três cirurgias.

Natural de Belém do Pará, Maria mora há oito anos em Brasília e, quando o crime ocorreu, mantinha um relacionamento há um ano e meio com o agressor. Ela relata que pretende voltar para sua cidade após as cirurgias e os tratamentos, pois sua cidade não dispõe dos serviços e estrutura oferecidos no DF.

“Eu achei que eu ia morrer” (…) “Eu estou viva, estou aqui para contar minha história” (…) “Não tenho mais vergonha do meu corpo”, afirma. Atualmente, após as cirurgias e por meio de encaminhamentos do Núcleo Judiciário da Mulher, ela faz aulas de ioga e acompanhamento psicológico, em grupo para vítimas de violência doméstica e de gênero contra a mulher do Hospital Regional do Paranoá (HRP).

As informações dessa matéria foram levantadas em entrevista realizada pela Ouvidora-Geral do TJDFT, Desembargadora Maria de Lourdes Abreu, no dia 21 de outubro de 2024.

A Ouvidoria do Tribunal, por meio do serviço Ouvidoria para Elas, apoia a iniciativa e está à disposição em caso de dúvidas por meio do telefone 0800 6146466 e do e-mail nuatmu@tjdft.jus.br, das 12h às 18h30, em dias úteis.

No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado nesta segunda-feira, 25/11, o TJDFT lembra que o enfrentamento à violência contra as mulheres é uma luta de toda a sociedade e pode começar por você.

Não se cale. Ligue 180 ou 197 – opção 3 e denuncie! Em caso de Emergência, Ligue 190.

*Com informações do TJDFT


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