Política

Relatório do Ministério da Justiça aponta possível ação conjunta entre PCC e Comando Vermelho


RAQUEL LOPES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Um relatório da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) aponta indícios de uma possível ação conjunto entre as duas maiores facções criminosas do país, o CV (Comando Vermelho) e o PCC (Primeiro Comando da Capital), que incluiria um pacto de não agressão.

O objetivo seria coordenar ações entre os dois grupos para pressionar para a flexibilização de regras do sistema federal, como a retomada das visitas com contato físico, incluindo as íntimas, entre detentos e seus familiares.

O vice-presidente do Consej (Conselho Nacional dos Secretários de Estado da Justiça, Cidadania, Direitos Humanos e Administração Penitenciária), Josimar Pires, disse que isso não teve reflexos e não deve impactar a situação dos presídios estaduais.

“Nós [secretários] estamos acompanhando a situação para entender como ela irá se desenrolar, mas, até o momento, não há nada que represente risco para os estados, o sistema prisional ou a população, ou até mesmo um possível ‘salve'”, disse Pires.

Ele acredita que as facções fizeram esse movimento como uma estratégia para chamar a atenção para suas reivindicações. Pires enfatizou a importância da continuidade do monitoramento e do isolamento das organizações no sistema federal para garantir a segurança.

O secretário destacou que, na maioria dos estados, as facções já não são separadas por unidades prisionais e que o controle sobre elas está mantido. Com isso, não haveria impacto desse acordo nos presídios estaduais.

O relatório da Senappen foi elaborado a partir de conversas gravadas nos parlatórios entre advogados e presos, com autorização judicial. A informação foi divulgada inicialmente pelo portal Metrópoles e posteriormente confirmada pela reportagem.

Líderes de alto escalão das facções, como Marcola, chefe máximo do PCC, e Marcinho VP, um dos principais nomes do CV, estariam à frente da coordenação dessas ações conjuntas.

Além disso, mensagens trocadas entre membros do PCC e do CV sugerem também um possível pacto de não agressão. Em uma delas, atribuída ao PCC, há uma orientação de que as mortes estão proibidas no país.

A iniciativa das duas maiores facções do país teria como objetivo fortalecer suas demandas junto ao sistema prisional federal, onde cumprem pena sob o regime disciplinar diferenciado. Cada detento permanece em uma cela individual e tem direito a apenas duas horas diárias de banho de sol.

As visitas de advogados e familiares acontecem semanalmente nos parlatórios, espaços reservados para conversas privadas, onde geralmente há uma divisória de vidro, impedindo qualquer contato físico.

No sistema prisional federal, as regras são mais rígidas para dificultar a comunicação e enfraquecer a influência dos presos sobre suas organizações criminosas.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *