Rodízio de alto nível
Quem ama comida oriental de verdade tende a torcer o nariz quando se fala em rodízio. E sabemos que motivos não faltam. Muitas casas aproveitam o formato para adotar a máxima “coma muito e pague pouco”, deixando a qualidade dos produtos oferecidos em segundo plano.
Sushis com mais arroz que proteína, frituras cheias de cream cheese e peixes longe do frescor, com texturas ressecadas de geladeira, são facilmente encontrados em estabelecimentos que seguem esse esquema de serviço.
Mas, ainda bem, sempre há quem se salve. É o caso do Kinjo Nikkei, com cozinha comandada pelo premiadíssimo chef Marco Espinoza, que também assina os cardápios do Taypá, Lima, Chaco e Cantón.
A expectativa já era alta pelo nível do chef, assim como a curiosidade em saber se ele iria seguir a onda já conhecida nesse nicho ou realmente trazer sua assinatura para a sequência. Felizmente, a segunda opção se confirmou na visita que fiz recentemente durante o almoço da casa.
De segunda a sexta, das 12h às 15h, o rodízio custa R$ 115 por pessoa e é oferecido com o auxílio de um tablet, que fica na mesa para que você marque o que deseja provar e faça o pedido diretamente para a cozinha. Sim, sei que tem gente que odeia tecnologia na hora de comer, mas, para esse formato, achei fantástico. Todas as opções ficam facilmente descritas, com fotos, e é possível pedir no seu ritmo, à medida que os pratos chegam. Prático demais.
O valor inclui cerca de 40 opções, muitas delas com mais de um item, como as duplas ou trios, que podem ser pedidos à vontade e na ordem que preferir.
Fui conquistado, imediatamente, pela qualidade dos peixes. Todos frescos, com cortes bem feitos — nem muito grossos, nem finos demais — e presentes em boa quantidade nas montagens. Aqui não há o truque de esconder o peixe atrás de grandes quantidade de arroz.
Antes de chegar aos sushis, abri o almoço com ceviches: Clássico Kinjo (peixe branco, leite de tigre e batata-doce) e o Kinjo (atum ou salmão, kyuri e quinoa com molho cítrico). É quase plena a sensação que tenho ao provar um leite de tigre tão bem executado quanto o que Marco Espinoza serve em suas casas. O equilíbrio entre acidez, picância e tempero é algo que poucos conseguem fazer igual na cidade.
Ir a um restaurante oriental e não provar gyoza é um crime que não me atrevo a cometer, então pedi o Gyoza Buta (porco e shiitake confitados ao molho cremoso apimentado). Massa delicada, recheio suculento e tempero no ponto certo. Essa combinação é sempre digna de elogios. Parece simples, mas muita gente erra. O Kazan Shrimp (camarões crocantes com molho cremoso spicy) e o Taco que Arde (atum, cogumelos e creme de pimenta sriracha) também elevaram o nível do início do almoço.
Provei o sashimi de atum, Tataki Tuna com gergelim, salmão e o peixe branco do dia. Todos aprovados. Nos nigiris, que vêm em duplas, comi o Andino (atum, aji amarelo, togarashi e quinoa), a barriga de salmão com mel de trufa e raspas de limão, e o Kazuo (salmão maçaricado, sal Maldon, trufa e molho cítrico). Até para quem não gosta de azeites e meles trufados, recomendo a pedida, pois aqui a dose é equilibrada e agrega muito sabor aos pratos.
Para encerrar, na seção Ussuzukuri, o destaque foi o Tataki de Atum selado com molho de maracujá, teriyaki e maionese de gergelim, e o peixe do dia com molho ponzu defumado. Repeti ambos logo em seguida.
Deixo a ressalva de que não consegui experimentar todo o cardápio, que ainda conta com pratos quentes, como o Yakissoba Kinjo (macarrão japonês, mix de legumes ao wok e proteína à escolha do cliente) e o Yakimeshi (arroz japonês ao wok com vegetais e temperos orientais, também com proteína à escolha). Além disso, há uma lista de oito opções de sushi rolls para os amantes de Hot Philadelphia e Califórnia Roll.
Tudo foi acompanhado por um Pisco Sour impecável, que só os restaurantes de Marco Espinoza sabem entregar. Esqueça os rodízios que vendem custo-benefício focando na quantidade. Aqui, você também pode comer o quanto quiser, mas a experiência é de outro nível de qualidade