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Sentir ciúmes pode ser positivo? Entenda e veja como lidar com a emoção

Seja uma dor repentina no estômago, joelhos tremendo, um frio no peito, coração acelerado — ou algo completamente diferente — é provável que você tenha experimentado ciúme em algum momento da sua vida. E, então, surge um toque de vergonha por ter esse sentimento, já que é visto, muitas vezes, como uma emoção mesquinha e básica. Mas o ciúme é realmente tão ruim assim?

Se você consultar o Dicionário de Psicologia da Associação Americana de Psicologia, “o ciúme é listado como uma emoção negativa, logo no início da definição”, conforme explica a psicóloga e especialista em ciúme Joli Hamilton ao correspondente médico-chefe da CNN, Dr. Sanjay Gupta, recentemente em seu podcast “Chasing Life”.

“Mas eles não dizem isso para raiva ou tristeza — apenas falamos delas como emoções, emoções que são informativas”, afirma. “Mas existe um preconceito contra o ciúme que diz: ‘Vamos colocar o ciúme completamente na caixa das coisas ruins.’ Exceto que, quando realmente investigamos, o ciúme está lá para nos proteger.”

Hamilton, que é autora e coach de relacionamentos, estuda o ciúme há anos. Ela aponta para pesquisas que mostram que a emoção está presente em bebês a partir dos 6 meses de idade.

“A pesquisa de Sybil Hart sobre isso é linda, falando sobre como o ciúme pode aparecer na infância e, portanto, podemos vê-lo como protetor”, explica. “Ele está tentando nos manter conectados aos nossos entes queridos. Quando somos bebês, isso é questão de vida ou morte. E quando somos adultos, pode parecer questão de vida ou morte. Então, é claro, é fácil colocar o ciúme naquela categoria de “Será que posso nunca mais sentir isso? É ruim. É desagradável.”

“Mas se nos aproximarmos dele, pode ser incrivelmente útil e pode até construir intimidade conosco mesmos e entre nós e nossos parceiros.”

Hamilton não é estranha à emoção. Na verdade, quando se trata de ciúme, pode-se dizer que ela saiu da frigideira para cair no fogo.

“Eu cometi todos os erros possíveis quando mudei meu próprio paradigma relacional da monogamia para a poliamoria há 15 anos”, conta. “Fiz essa mudança por uma razão; eu sabia que me chamava… Mas doía muito. O ciúme era uma grande parte do motivo da dor. E minha maneira de sair dos problemas é estudar. Então, pensei que tinha que aprender minha saída disso.”

Parte do que Hamilton descobriu apoia a ideia de que o ciúme existe para proteger o vínculo mãe-filho e, posteriormente, guardar seu parceiro de rivais. A emoção pode levar você a descobrir o que é importante e ajudar a estabelecer limites. Idealmente, ela o impulsiona a ter conversas com entes queridos sobre o que você espera e o que é aceitável.

“O ciúme, longe de ser a emoção não evoluída que as pessoas frequentemente pensam que é, é na verdade exatamente uma emoção evoluída. Está lá porque serviu a um propósito em algum momento”, explica a especialista, observando que uma situação pode facilmente sair do controle. “Frequentemente causa muito mais problemas do que as pessoas gostariam… Às vezes, o ciúme é útil; às vezes, é extraordinariamente prejudicial.”

Então, o que você pode fazer quando o monstro dos olhos verdes bate à sua porta? Hamilton tem cinco dicas sobre o que não fazer — e o que você poderia fazer em vez disso.

1. Não tire conclusões precipitadas e não entre em pânico

“Logo de cara, não tire conclusões precipitadas”, afirma Hamilton. “Em vez disso, eu aconselharia que você aprenda a perceber como seu ciúme se manifesta quando está apenas começando a aparecer. Observe as sensações em seu corpo”, orienta.

Ao invés de tirar conclusões precipitadas e tomar atitudes que possam prejudicar seu relacionamento, Hamilton sugere “ficar curioso sobre o que está realmente acontecendo”.

“Não entre em pânico só porque você vê algo”, afirma. “Não surte quando o menor sinal de ciúme aparecer.” Em vez disso, a especialista sugere: “Vá mais devagar”.

“Você precisa prestar atenção na história que está começando a criar, porque a história pode ter elementos de verdade que precisam de ação, mas provavelmente também tem todos os dados que você coletou ao longo de sua vida — desde a infância — sobre como as pessoas não são confiáveis ou como você não está seguro nos relacionamentos”, explica.

“Preciso que você desacelere e realmente preste atenção na história que está contando e comece a separá-la do que você está realmente vendo.”

2. Não entre no modo de dano

“Não risque o carro do seu parceiro. Não quebre os faróis. Não faça tipo Carrie Underwood com eles”, disse Hamilton, referindo-se à música da cantora sobre vingança contra um parceiro infiel, “Before He Cheats” [Antes que ele traia, em tradução livre].

“Quando você está nesse estado elevado e vir algo, mesmo que seja verdade, não tome uma atitude que vai custar sua liberdade ou sua capacidade de voltar e realmente construir um novo relacionamento”, aconselha.

Em vez disso, aprenda a regular suas emoções e seu corpo. “Isso parece simples de dizer, mas é difícil de fazer”, afirma. “Aprenda algumas habilidades de autorregulação, aprenda como regular seu sistema nervoso.”

Ela recomenda permitir-se fazer uma pausa, respirar três vezes lentamente e liberar um pouco de sua energia estalando os dedos ou sacudindo as mãos.

Assim, você pode evitar tirar conclusões erradas ou começar uma briga de bar, segundo Hamilton. “Também não queremos chegar naquele estado super elevado onde parecemos ser o louco… Aquele que está fora de controle”, acrescentou.

A partir daí, segundo a especialista, você pode entrar no modo de tomada de decisão: “O que vou fazer? O que acontece depois?”

3. Não entre numa espiral de vergonha

Você não é uma pessoa horrível por sentir ciúmes, segundo Hamilton. “Não entre em uma espiral de vergonha”, orienta. “Em vez disso, vamos normalizar. Ciúme é um sentimento; é uma emoção. Está lá para servir a um propósito. E quando surge, precisamos ouvi-lo.”

“Mas não o demonize e não o demonize quando o vir em outras pessoas também. Não diga ‘Isso é ciúme – que nojo!’. Em vez disso, diga ‘Você está lutando com o ciúme’”.

4. Não romantize o ciúme

Em filmes, música e literatura clássica, o ciúme é frequentemente romantizado. “E, na verdade, muitos de nós gostamos um pouquinho. Queremos saber que nosso parceiro está um pouco com ciúme — e se não estão, até ficamos na defensiva, como se eles não se importassem”, diz Hamilton.

Glamourizar o ciúme, explica a especialista, também pode potencialmente glorificar a violência e outros resultados que talvez não queiramos. “Estamos romantizando expectativas implícitas e apenas tendo nosso parceiro lendo nossa mente sobre onde estão nossos limites e bordas.”

“Em vez disso, eu sugeriria que você romantizasse compartilhar suas expectativas explicitamente. Não parece sexy, mas prometo que uma vez que você começa a fazer isso regularmente, realmente é”, afirma.

“Há muitos comportamentos que induzem nosso ciúme que são muito mais sutis do que “eu vejo você beijando alguém””, observa a especialista.

“Existem coisas mais sutis como, o que significa para você quando seu parceiro está curtindo posts de outras pessoas no Instagram?”, questiona. “Você apenas tem uma expectativa implícita de que eles nunca deveriam fazer isso? Você já conversou sobre isso e sobre o que isso significa para você?”

5. Não tente deixar seu parceiro com ciúmes

Não provoque seu parceiro intencionalmente. “O ciúme pode parecer uma prova de amor. E nos venderam isso”, afirma Hamilton. “Fomos de certa forma ensinados que o ciúme deve ser parte do amor romântico profundo” “E assim, algumas pessoas ficam um pouco compulsivas com a ideia de que querem sentir alguém com ciúmes delas porque isso parece demonstração de cuidado.”

Mas Hamilton alerta: “Se você está se sentindo negligenciado, quero que você inspire seu parceiro a expressar seu desejo de outras maneiras. Seja criativo com um novo encontro. Saia da rotina. Talvez seja hora de se envolver em algumas novas práticas, alguns novos padrões. Ou talvez seja até mesmo hora de trabalhar com um terapeuta sexual ou coach sexual se você realmente estiver sentindo falta de desejo expresso. Talvez seja hora de realmente se aventurar.”

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