Setembro Amarelo reforça importância da prevenção ao suicídio e saúde mental
Camila Coimbra
redacao@grupojbr.com
O mês de setembro marca a campanha Setembro Amarelo, e o Jornal de Brasília, junto com o Centro de Valorização da Vida (CVV), reforça a importância da prevenção ao suicídio, da busca por ajuda e por tratamentos adequados. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o suicídio é uma das principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
Os transtornos mentais, como a depressão, o transtorno bipolar, o uso de substâncias e a esquizofrenia, estão entre os principais fatores de risco para o suicídio. De acordo com a psiquiatra Renata Figueiredo, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr), “quase 100% dos casos de suicídio estão associados a algum transtorno mental”. Ela explica que é fundamental tratar essas condições, uma vez que a falta de tratamento ou o tratamento inadequado aumenta significativamente o risco.
O transtorno depressivo está no topo da lista dos problemas associados ao suicídio. Renata Figueiredo também destaca que “o transtorno bipolar, embora menos prevalente, também apresenta um risco muito elevado, assim como os transtornos relacionados ao uso de substâncias, como o álcool e outras drogas”. Esses quadros exigem um acompanhamento médico contínuo para que os sintomas sejam controlados e o risco de suicídio reduzido.
Para os pacientes com transtornos psiquiátricos, o uso de medicamentos pode ser necessário, especialmente nos casos mais graves. “Algumas medicações estão associadas à redução do risco de suicídio”, afirma a psiquiatra. No entanto, o tratamento não é exclusivamente medicamentoso. Em casos leves e moderados, a psicoterapia pode ser suficiente, e em muitas situações, a combinação de psicoterapia com medicamentos é o caminho mais eficaz.
Além dos desafios no diagnóstico e no tratamento, o estigma em torno da saúde mental continua sendo uma das principais barreiras que impedem as pessoas de buscar ajuda. Muitas vezes, pacientes evitam procurar um psiquiatra por medo de serem rotulados ou por acreditarem que o uso de medicação pode causar dependência. Essa resistência agrava o quadro e retarda a recuperação. É importante que a sociedade como um todo incentive a busca por tratamentos de saúde mental, desmistificando o uso de medicações e a própria psiquiatria.
A colaboração entre psiquiatras e psicólogos também é essencial no acompanhamento de pessoas com ideação suicida. Enquanto o psiquiatra realiza o diagnóstico e prescreve o tratamento medicamentoso, o psicólogo oferece o suporte emocional necessário ao longo do processo terapêutico. Esse trabalho conjunto é especialmente importante nos casos mais graves, em que o risco de suicídio é maior.
A psiquiatra Renata Figueiredo ressalta a importância de “não simplificar a causa de um suicídio”, lembrando que fatores como bullying ou término de relacionamento podem ser gatilhos, mas que o suicídio é sempre um fenômeno multifatorial.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e confidencial 24 horas por dia, pelo telefone 188, além de chat e e-mail disponíveis em seu site “cvv.org.br”. Durante o Setembro Amarelo, o CVV intensifica suas ações de conscientização, promovendo palestras e rodas de conversa, e reforça a importância de falar sobre saúde mental de forma responsável.
Para ser voluntário do CVV é preciso ter mais de 18 anos, passar por um treinamento específico, gratuito, dispor de pelo menos quatro horas e meia por semana e ter vontade de apoiar emocionalmente outra pessoa, de acolher, de escutar com respeito e compreensão. Atualmente são 3 mil voluntários, mas devido à demanda pelo serviço, estão sempre precisando de mais pessoas. A inscrição é feita pelo site.
Ao longo de 2023, foram cerca de 3 milhões de apoios oferecidos, seja por telefone, chat, e-mail, carta e pessoalmente pelo CVV.
Além do CVV, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS) e o Samu (192) são opções de apoio para quem precisa de atendimento imediato ou contínuo.