Saúde

Sócios de laboratório envolvido em infecção de HIV após transplantes já foram condenados por erro de diagnóstico


MARCOS CANDIDO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Os sócios do laboratório PCS LAB Saleme, envolvido no caso de infecção por HIV após transplantes de órgãos no Rio de Janeiro, já foram condenados a pagar R$ 10 mil por um erro de diagnóstico que apontava que uma paciente era portadora do vírus.

Marcia Nunes Vieira e Walter Vieira eram sócios do laboratório PCL Lab Farroula. O caso aconteceu em 2010. Hoje, são sócios da PCS LAB Saleme, em Nova Iguaçu, município do Rio de Janeiro.

À época, a paciente não se conformou com o diagnóstico e fez uma nova coleta de sangue em mais outros dois laboratórios. Os novos laudos apresentaram resultado negativo para a presença do vírus.

A vítima, então, entrou com uma ação na Vara Cível de Belford Roxo, onde a ação correu oito anos até chegar a uma conclusão. Ela pedia uma indenização de cem salários mínimos contra a empresa.

Apesar disso, após a condenação, o laboratório já havia mudado de endereço e não foram mais encontrados valores nas contas bancárias da empresa. A defesa da vítima, então, entrou com um novo processo pessoal contra os sócios.

O juiz Glauber Bitencourt Soares da Costa aceitou o recurso e os condenou a pagar os R$ 10 mil. Os dois lados chegaram a um acordo e o processo foi arquivado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A reportagem da Folha de S.Paulo apurou que o PCS LAB Saleme também foi processado por errar um diagnóstico de uma paciente em 2023. Na ocasião, a equipe do laboratório trocou os laudos de uma paciente, que pede indenização por erro médico e danos morais. O caso ainda corre na Justiça de Nova Iguaçu.

O caso foi noticiado pela coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmado pela Folha de S.Paulo.
A reportagem telefonou para os sócios do laboratório e deixou mensagens via WhatsApp desde sexta (11), mas não obteve retorno. A defesa dos dois também não foi localizada. Também foi tentado contato com a vítima do processo, mas as ligações não foram atendidas.

No novo erro, pacientes na fila de transplante de órgãos do SUS foram contaminados pelo vírus HIV. O laboratório foi interditado nesta sexta e os pacientes submetidos a exames pela empresa passarão por novos testes.

Além de Marcia Nunes Vieira e Walter Vieira, o laboratório tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro e deputado federal Doutor Luizinho, atual líder do PP (Progressistas) na Câmara dos Deputados.

O laboratório PCS LAB informou, em nota, que comunicou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período no qual prestou serviços à Fundação de Saúde do Estado.

A empresa destacou que, durante esses procedimentos, foram utilizados os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Além disso, o laboratório anunciou a abertura de uma sindicância interna para apurar eventuais responsabilidades e oferecer suporte médico e psicológico aos pacientes infectados e a seus familiares.


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