Vírus sincicial: anticorpo é 93% eficaz contra internação de crianças pequenas
Um novo estudo analisou a eficácia da nirsevimabe, um anticorpo monoclonal contra vírus sincicial respiratório (VSR), em crianças pequenas, e mostrou que o medicamento atingiu 93% de eficácia contra a hospitalização associada à infecção. As descobertas foram publicadas nesta segunda-feira (9) na revista científica JAMA Pediatrics.
O nirsevimabe é um anticorpo específico contra o VSR, principal vírus causador de infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças pequenas, sobretudo bebês. É um dos principais vírus associados à bronquiolite, doença caracterizada pela inflamação dos bronquíolos.
O objetivo do estudo era entender se os novos medicamentos para prevenção do VSR reduziram as taxas de hospitalização pela infecção em crianças com menos de cinco anos, entre 2023 e 2024. Para isso, os pesquisadores compararam os dados epidemiológicos e a carga de doenças respiratórias agudas associadas ao vírus durante a temporada dos últimos dois anos em comparação com três temporadas pré-pandêmicas (2017-2020).
O trabalho foi conduzido em sete centros médicos pediátricos acadêmicos nos Estados Unidos com dados de temporadas de VSR (1º de setembro a 30 de abril) em 2017 a 2024. No total, o estudo analisou 28.689 crianças menores de 5 anos com infecções respiratórias agudas, sendo 9.536 atendidas entre setembro de 2023 e abril de 2024 e 19.153 em períodos equivalentes de 2017 a 2020. A maioria era do sexo masculino (57%), com idade mediana de 15 meses.
Segundo o estudo, o nirvesimab foi 89% eficaz contra doenças respiratórias agudas associadas ao VSR em bebês atendidos por médicos, e 93% eficaz contra hospitalizações pela doença. Isso mostra que o medicamento é altamente eficaz na prevenção de doenças respiratórias e internações causadas pelo vírus, especialmente entre lactentes.
No entanto, o estudo alerta para o fato de que apenas uma pequena fração de bebês em sua primeira temporada de VSR recebeu nirsevimab ou nasceu de mães que receberam o anticorpo durante a gestação.
“A aceitação da vacina contra VSR e Nirsevimab materna foi baixa, mas o nirsevimab foi eficaz contra a hospitalização associada ao VSR. Há um potencial para impacto substancial na saúde pública com cobertura de produtos de prevenção aumentada e equitativa em temporadas futuras”, afirmam os autores no estudo.
Para quem a nova vacina é indicada e quando chega ao Brasil?
O nirsevimab é indicado para todos os lactentes com até 12 meses de idade, conforme aponta a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm). Ele deve ser administrado um mês antes ou durante o primeiro período de maior circulação do VSR após o nascimento do bebê.
Na segunda sazonalidade, é recomendado para crianças que fazem parte dos grupos de risco: crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade e necessidade de suporte médico, imunocomprometimento grave, fibrose cística e cardiopatias congênitas não corrigidas e com repercussão hemodinâmica.
De acordo com o Ministério da Saúde, a sazonalidade do VSR varia conforme a região:
- Região Norte: fevereiro a junho;
- Demais regiões: março a julho.
Segundo a SBIm, a previsão de chegada da vacina ao Brasil é até o fim de 2024. O medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro do ano passado, com o registro da empresa Sanofi Medley Farmacêutica.
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