Waack: Posse de Trump inaugura um mundo desconhecido
Um mundo terminou hoje com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
Que anunciou nada menos que uma mudança de regime: doméstico e internacional.
A vitória eleitoral dele já foi uma prova de como os Estados Unidos mudaram por dentro.
A maioria da população preferiu escolher quem diga que resolve as coisas, acabar principalmente com o sistema político antigo.
Da mesma maneira, também o mundo mudou bastante desde que Trump foi presidente pela primeira vez.
E mais de 70 anos de ordem internacional — chamada de ordem internacional liberal — estão sendo suplantados pelo regime do mais forte.
E, como Trump acha que os Estados Unidos são, e continuarão sendo, os mais fortes, a ordem que ele prefere é aquela na qual os fortes é que mandam.
Trump vê seu país como vítima de um declínio que só ele se acha capaz de reverter.
“Deus me salvou naquele atentado para que eu possa fazer a América great again”, disse hoje ao assumir.
Enxerga a economia pela perspectiva da geopolítica, subordinando relações comerciais, questões energéticas — portanto, climáticas — e tratados à segurança nacional dos Estados Unidos.
Em muito do que Trump repetiu hoje em seu discurso de posse está um forte ressentimento de quem se viu abandonado por elites globais, prejudicado pelas transformações tecnológicas e espoliado por aliados cínicos.
Trump tem razão em um ponto: o que existiu até aqui não volta mais. Ele mesmo — com sua imprevisibilidade, seu narcisismo, seu desprezo pelas regras estabelecidas — é o retrato dessas transformações.
Dessa mudança de “vibe”, como se diz agora. Não se sabe para onde vamos, mas o mundo novo é isso aí.